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As cartas não mentem jamais, mas é preciso saber interpretá-las. Mais do que a tarefa arriscada de prever o futuro, os cartomantes se especializaram em traçar o perfil do consulente e combinar o discurso com as expectativas. Apesar de a gestão das finanças ser incomparavelmente mais previsível e quantificável do que as artes da cartomancia, os profissionais do oculto têm algo a ensinar: a necessidade de se olhar claramente no espelho. Conhecer seu próprio perfil é essencial para uma estratégia bem-sucedida de investimentos. É preciso direcionar as reservas para os lugares certos. Além de poupar, é necessário diversificar, de acordo com seu perfil de risco. Sem esse conhecimento prévio, a possibilidade de tomar uma decisão incorreta cresce exponencialmente. 

 

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Investidor conservador

 

O investidor conservador abdica de ganhar muito, desde que não coloque em risco seu capital. A recomendação principal para ele é manter seu dinheiro na renda fixa, apesar da queda sistemática das taxas de juros. Marcos Daré, diretor do departamento de investimentos do Bradesco, sugere que a totalidade do milhão de reais seja destinada a aplicações mais conservadoras, poupança, certificados de depósito bancário (CDB), fundos referenciados DI e fundos de renda fixa. 

 

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Sinara Polycarpo, do banco Santander: “investidores jovens devem

apostar mais na previdência”

 

“O investidor também pode se aproveitar da vantagem fiscal e destinar uma fatia dos seus recursos a títulos lastreados em imóveis, como as letras de crédito imobiliário (LCI).” Sinara Polycarpo, superintendente de investimentos do Santander, é um pouco mais flexível. Ela recomenda ao investidor colocar 70% de suas aplicações em produtos conservadores, incluindo os imobiliários. Os 30% restantes devem ser divididos em duas fatias. Uma delas dedicada a fundos multimercados, e títulos de renda fixa prefixados de longo prazo, e a outra destinada à previdência privada. “Esse investidor é jovem, então é bom que ele se esforce para deixar algum dinheiro a longo prazo”, diz ela. 

 

 

Investidor moderado

 

O investidor moderado se conforma com períodos mais ou menos longos de desempenho ruim dos investimentos para ter a possibilidade de obter um resultado melhor mais à frente. Essa tolerância maior ao risco permite uma variedade bem maior das alternativas. Gilberto Poso, superintendente executivo de gestão de patrimônio do HSBC, diz que uma parte do dinheiro deve ser guardada como reserva para emergências. O restante deve ser investido em fundos multimercados ou em aplicações que garantam o crescimento do patrimônio, como títulos atrelados à inflação. “Com os juros baixos, aplicações mais seguras vão render, no máximo, até 2% acima da inflação”, diz ele. Daré, do Bradesco, recomenda uma alocação diversificada de fundos. Sua sugestão é aplicar 70% em fundos conservadores ou em cadernetas de poupança, 20% em fundos vinculados à inflação, que investem em títulos públicos e privados corrigidos pelos índices de preços, e os 10% restantes em fundos de ações, especialmente os dedicados aos setores de infraestrutura. 

 

 

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Gilberto Poso, do banco HSBC: “com os juros baixos, aplicações

mais seguras vão render até 2% acima da inflação”

 

Investidor arrojado

 

Ele faz parte de uma minoria, a que se arrisca a perder uma parte significativa do capital investido, desde que a rentabilidade prometida das aplicações seja elevada. Por isso, os especialistas recomendam diversificar as escolhas. Sinara, do Santander, sugere direcionar 30% para a previdência, 25% para aplicações conservadoras como fundos DI e CDBs, e mais 25% em fundos multimercado e em papéis prefixados. Os 20% restantes devem ir para ações que sejam boas pagadoras de dividendos, como as de alguns bancos e empresas prestadoras de serviços, e de empresas de infraestrutura. É possível dedicar uma fatia do dinheiro para as small caps, que são as empresas com pouca liquidez, e para companhias de alimentos, de varejo e de bebidas, cujos resultados são pouco influenciados pelo cenário internacional. Poso, do HSBC, acrescenta as alternativas de fundos imobiliários e também recomenda os investimentos em previdência de longo prazo. “A tributação é mais vantajosa”, diz.