O PEPE é uma nova “memecoin” (criptomoeda criada a partir de memes) que está chamando a atenção dos investidores de criptoativos. Inspirada no personagem “Pepe the Frog” que viralizou na internet, a moeda foi lançada em meados de abril e já teve valorização de mais de 21.000% nos últimos dias, gerando altos lucros para quem investiu cedo nela.

Os criadores do ativo afirmam que a cripto seria “a maior memecoin de todas” e que ela irá substituir as memecoins mais conhecidas do mercado, como o Dogecoin e a Shiba Inu, ambas ligadas ao meme Doge, um cachorro da raça Shiba Inu. No momento, a PEPE é um token negociável apenas na exchange descentralizada Uniswap, através do par PEPE/ETH.

+ Parlamento Europeu adota regulamentação para o mercado de criptomoedas

+ Mineradores de bitcoin sentem alívio com queda no preço da energia e alta da criptomoeda

O que é o PEPE?

“A PEPE é uma “memecoin” (criptoativo baseado em memes) e como tal, na grande maioria dos casos, não possui um roadmap claro para seu desenvolvimento futuro e pouca (ou nenhuma) funcionalidade específica em seu projeto”, afirma Bruno Diniz, sócio da Spiralem Innovation Consulting e professor de inovação financeira nos cursos de MBA da USP ESALQ.

Por que ela está em alta?

Há diversos fatores que explicam a alta de uma criptomoeda, mas geralmente as pessoas gostam de embarcar em brincadeiras, como as memecoins, o que explica o seu sucesso e popularidade. No caso da PEPE ela é explicada por ser um meme conhecido há muitos anos, porém é impossível prever até quando ela irá se sustentar.

“O mercado de cripto é recheado de modismos e contrassensos. Quando o impacto da moeda é significativamente alto faz com que uma parcela relevante do mercado adquira esse ativo e seu preço suba. Não significa que seu preço se sustente no patamar que outrora tenha atingido ou que efetivamente tenha algum valor real de mercado uma vez que, quando o mercado se dá conta que se trata de um ativo sem uma utilidade direta ou valor real algum, seu preço cai drasticamente (estourando a bolha)”, afirma Lucas Sharau, especialista em mercados financeiros e assessor na iHUB Investimentos.

Segundo Diniz, é comum ver grandes comunidades de entusiastas de memes adquirindo o ativo sem nenhum objetivo específico inicial a não ser apoiá-lo. “Contudo, é comum vermos articulações dos chamados esquemas de ‘pump-and-dump’, onde um grupo infla artificialmente o preço de um ativo para aumentar sua demanda e depois vendem suas posições, derrubando o preço”, alerta.

“Ativos deste tipo são extremamente voláteis e arriscados, pois como não há fundamento, os compradores podem estar sendo vítimas de um movimento orquestrado por grupos que realizam manipulação de mercado em um ambiente onde há baixa regulamentação no sentido de prevenir tais ações. Vimos isso em outros momentos recentes com memecoins como a Shiba Inu”, analisa o sócio da Spiralem Innovation Consulting.

Cuidados ao investir em cripto

Por serem ativos muito voláteis e sujeitos à especulação extrema, ao avaliar criptos é importante que o investidor busque informações sobre a proposta da criptomoeda e sua função esperada (elementos conhecidos como “tokenomics”), bem como o histórico dos criadores e o plano de longo prazo desenvolvido para esses ativos.

“Esse procedimento não garante o sucesso, mas já mitiga os casos mais óbvios de fraudes e tokens puramente especulativos. A PEPE, desde seu lançamento, já se assumiu como um token que não se leva a sério. Algumas pessoas surfaram uma onda recente de alta valorização, mas a sustentabilidade disso se perpetuar no longo prazo é baixíssima dadas as características mencionadas”, afirma Diniz.

A falta de liquidez da moeda também pode ser um problema. “A liquidez se refere à capacidade de comprar e vender um ativo rapidamente sem afetar significativamente seu preço. Se uma criptomoeda tem baixa liquidez, pode ser mais difícil para os investidores encontrar compradores dispostos a comprar suas moedas e, como resultado, pode ser difícil vender a criptomoeda a um preço justo. Isso pode levar a flutuações de preço significativas e até mesmo a perdas significativas para os investidores”, avalia Eric Magnin Chammas, COO da KRYP.TOOLS, plataforma americana SaaS (Software as a Service) para quem investe em criptoativos.