Um negócio de R$ 4,6 bilhões sempre chama a atenção. Ainda mais no setor de educação, que de uma área efervescente até 2014, naufragou junto do Fies. Mas o que é a Somos Educação, empresa adquirida pela Kroton nesta segunda-feira, 23?

A empresa nasceu em 2010, quando as editoras Ática e Scipione, além do sistema de ensino SER, que era do Grupo Abril, juntaram-se para formar a Abril Educação.

Fernando Shayer
Fernando Shayer, presidente da Somos Educação: Venda para integrar o maior grupo educacional do mundo (Crédito:Divulgação / Somos)

A empresa abriu capital em julho de 2011 e, em fevereiro de 2015, teve a totalidade da participação da Abrilpar, pertencente à família Civita, vendida à Tarpon Investimentos. A participação do grupo de mídia representava, à época, 40,6% do capital da companhia.

Hoje, a Somos é o principal grupo de educação básica do Brasil. A empresa é dona de marcas como Anglo, Centro Educacional Sigma, Colégios Ph, Maxi e Motivo, além da escola de idiomas Red Baloon entre outras.

A companhia possui 3.624 escolas e um total de 1,8 milhão de professores (incluindo escolas próprias, parceiras e o ensino público).

O presidente da Somos, Fernando Shayer, afirma que a intenção com a venda da companhia é integrar o maior grupo de educação do mundo. “Trata-se de mais um passo importante na história de crescimento da empresa. A vocação da Somos sempre foi a de apoiar o maior número possível de alunos e educadores em todo Brasil, em todos os segmentos e faixas de renda.”

Operação

A Kroton Educacional, empresa de educação superior privada no Brasil, adquiriu o controle da Somos Educação ao comprar a participação da Tarpon por R$ 4,6 bilhões. A aquisição, feita por meio da subsidiária Saber, reforça a atuação da empresa do CEO Rodrigo Galindo no segmento de educação básica, que é 1,8 vezes maior que segmento de educação superior.

Com a aquisição, a Saber atenderá 37 mil alunos em escolas próprias, 25 mil alunos em cursos de idiomas, 1,2 milhão de alunos em escolas particulares parceiras, além de atingir cerca de 33 milhões de alunos de escolas públicas por meio do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático).

A subsidiária da Kroton também se torna uma importante empregador, com aproximadamente 95 mil profissionais no ensino privado e 1,7 milhão de professores da rede pública.

O contrato está sujeito à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e estipula a venda de 192.275.458 ações ordinárias da empresa de educação, detidas direta ou indiretamente pelos fundos, ao preço de R$ 23,75 cada, totalizando R$ 4.566 milhões.

Segundo o consultor Carlos Antônio Monteiro, da CM Consultoria Educacional, a movimentação da Kroton era prevista. “Uma aquisição esperada desde quando o Cade abortou a fusão da Kroton com a Estácio”, afirmou.

Em junho do ano passado, o Cade rejeitou a compra da Estácio pela Kroton para evitar uma concentração no mercado de ensino superior. No entanto, o entendimento sobre o ensino fundamental pode ser outro. “O segmento é muito pulverizado e não possui empresas consolidadoras de peso. O maior era a própria Somos”, afirma.