30/09/2025 - 7:30
Três pessoas morreram e oito tiveram de ser internadas após consumirem bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. Destes casos, seis tiveram a suspeita de intoxicação pela substância confirmada pelo CVS (Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo). O MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) emitiu no sábado, 27, uma recomendação aos estabelecimentos.
+ Consumidor muda hábito e troca café caro por marcas mais baratas
A substância é um dos principais insumos da indústria química. Utilizado como matéria-prima para sintetizar produtos como solventes, conta com uma regulamentação bastante rígida com relação a sua produção.É altamente prejudicial quando é consumido por pessoas e pode levar à morte mesmo em doses pequenas.
Saiba mais sobre como identificar as bebidas adulteradas, os principais sintomas em caso de intoxicação e a diferença entre metanol e etanol.
De onde vem o metanol? É a mesma coisa que o etanol?
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o metanol é um composto orgânico da família dos álcoois, com um átomo de carbono, três átomos de hidrogênio e uma hidroxila cuja fórmula é CH3OH, sendo líquido à temperatura ambiente.
Para que serve o metanol?
É um dos mais importantes insumos na indústria química, sendo usado como matéria-prima para sintetizar produtos químicos usados na produção de adesivos, solventes, pisos e revestimentos. Em escala industrial, é produzido predominantemente a partir do gás natural.
Como é feita a regulação do metanol?
Em razão da toxicidade do produto, seu potencial como adulterador do etanol combustível e da gasolina, os riscos à saúde humana e à segurança pública, a ANP tem uma regulamentação rígida, que estabelece o registro obrigatório para a movimentação e o armazenamento do produto.
E o etanol?
Já o etanol é uma substância química produzida especialmente via fermentação de açúcares. As principais matérias-primas utilizadas para produzir etanol são cana-de-açúcar, milho, aveia, arroz, cevada, trigo e sorgo.
O etanol é seguro para consumo?
É seguro para consumo humano em quantidades moderadas, encontrado em bebidas alcoólicas.
O que é bebida alcoólica adulterada?
Bebida alcoólica adulterada é aquela que não atende ao padrão legal definido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e que teve a sua composição modificada indevidamente, seja pela adição, retirada, substituição ou modificação de ingredientes que podem levar o consumidor a erro ou colocar sua saúde em risco.
Quais sintomas são sinal de consumo de bebida adulterada?
O consumidor deve ficar atento a alguns sintomas pós-consumo como visão turva, dor de cabeça intensa, náusea, tontura ou rebaixamento do nível de consciência, isso pode indicar intoxicação por metanol ou por bebida adulterada.
O metanol pode ser adiciona a bebidas?
O metanol não pode ser adicionado a nenhuma bebida, em razão de ser uma substância altamente tóxica para os humanos. No entanto, pode aparecer naturalmente em algumas bebidas alcoólicas, em baixíssimas concentrações, em razão do processo de fermentação de açúcares e pectinas.
Qual é o limite para adicionar metanol nas bebidas?
O Mapa estabelece limites máximos de metanol residual que podem aparecer nas bebidas. Esses limites são muito baixos e não significam autorização de uso – apenas reconhecem que traços inevitáveis podem estar presentes.
Como saber se a bebida é original?
A orientação do Procon-SP é desconfiar de preços muito baixos, que, no mínimo, podem indicar alguma irregularidade como sonegação e adulteração.
Há outros meios para identificar adulteração nas bebidas?
Segundo o órgão, o consumidor deve observar a apresentação das embalagens e o aspecto do produto: lacre ou tampa tortos ou “diferentes”, rótulo desalinhado ou desgastado, erros de ortografia ou logos com “variações”, ausência de informações como CNPJ, endereço do fabricante ou distribuidor, número do lote, ou outra imperfeição perceptível.
É possível fazer teste caseiro para saber se a bebida está contaminada?
Ao notar alguma diferença, o consumidor não deve realizar testes caseiros como cheirar, provar ou tentar queimar a bebida. Essas práticas não são seguras nem conclusivas.
O que deve ser feito em caso de consumo de bebida adulterada?
Busque atendimento médico imediato: se houver qualquer sintoma suspeito, o consumidor deve procurar urgência médica sem demora.
Casos de intoxicação
O Centro de Vigilância Sanitária informou que, atualmente, 10 casos são investigados sob suspeita de intoxicação pela substância.
“A recomendação é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos, e que a população adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, evitando opções de origem duvidosa e prevenindo casos de intoxicação que podem colocar a vida em risco”, pontuou o órgão.
A Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) também divulgou uma nota técnica com o intuito de orientar “o setor privado e desencorajar a ação criminosa de falsificadores e distribuidores irregulares”.
São recomendados aos estabelecimentos:
- Aquisição exclusiva de bebidas por meio de fornecedores formais com CNPJ ativo e regularidade no segmento;
- Compra acompanhada de nota fiscal e conferência da chave de segurança nos canais da Receita Federal;
- Não recebimento de garrafas com lacre e rolha violados, rótulos desalinhados ou de baixa qualidade, ausência de identificação do fabricante e importador, sem a identificação dos lotes, com numeração repetida ou ilegível;
- Realização de medidas de rastreabilidade como dupla checagem.
A Abrabe (Associação Brasileira de Bebidas) e a ABNO (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia) também publicaram notas com alertas sobre o ocorrido.
A Abrabe se solidarizou com as vítimas e ressaltou que atua “fortemente no combate ao mercado ilegal de bebidas, na orientação sobre o cumprimento das exigências técnicas e regulatórias do setor e na promoção do consumo responsável”.
Já a ABNO fez um alerta sobre os risco de consumir metanol, que pode causar neuropatia óptica, “uma doença grave que pode causar perda de visão irreversível”.
De acordo com a associação, entre 12 horas e 24 horas após o consumo, podem surgir sintomas de intoxicação como “dor de cabeça, náuseas, vômitos, dor abdominal, confusão mental e, principalmente, visão turva repentina ou até cegueira”. O diagnóstico deve ser feito a partir do histórico clínico do paciente e por exames de sangue e de imagem.
*Com informações de Estadão Conteúdo