28/06/2016 - 17:33
É hora de comprar ou vender as ações da Oi? Essa é a pergunta ainda sem resposta para os analistas de mercado depois que a companhia anunciou, na semana passada, uma recuperação judicial de R$ 65,4 bilhões, a maior da história do País.
Para quem gosta de números, nos últimos cinco anos, as ações da Oi amargaram uma queda de mais de 90% do seu valor, praticamente virando pó.
Segundo o professor de Finanças do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais do Rio de Janeiro (Ibmec-RJ), Gilberto Braga, é preciso considerar dois cenários com os papéis da Oi.
O primeiro refere-se aos acionistas minoritários, que tinham ações da empresa antes do pedido de recuperação judicial. O segundo é o dos que desejam se aventurar a comprar agora.
“Para quem já tinha o papel não resta muito alternativa senão manter. Já para profissionais de mercado, gente que compra e vende rapidamente, pode ser uma oportunidade desde que se esteja ciente que se trata de um papel muito volátil e especulativo”, afirma Braga.
Nesta terça-feira, as ações ordinárias da Oi fecharam com um ganho de 17,68% em relação ao pregão anterior, e as preferenciais com alta de 10%.
Preto no branco
O raciocínio de Braga encontra respaldo em números. A recuperação judicial da Oi, um calhamaço de quase 90 mil páginas apresentada na 7ªVara Empresarial do RJ, trata de uma dívida de R$ 65,4 bilhões e uma extensa lista de credores. Até o momento não se sabe quanto tempo levará para analisar o processo, tampouco como fica a situação dos credores e consequentemente dos acionistas.
Braga estima uma sobrevivência da Oi por um período de um a dois anos até que se decida por algo definitivo. “Serão seis meses no mínimo para aprovar o processo de recuperação, não há interesse do governo de que a Oi quebre”, afirma. Isto daria algum fôlego aos acionistas para uma solução de caráter regulatório, na visão do especialista.
Contraponto
Não são todos os analistas que pensam da mesma forma, tamanha a complexidade do problema. O estrategista-chefe da corretora XP Investimentos, Celson Plácido, acredita que os que detêm papéis da Oi devem vendê-los e arcar com o prejuízo se compraram muito antes do anúncio da recuperação judicial.
“A conta é simples: a Oi gera um caixa de R$ 7,2 bilhões por ano e tem uma dívida assumida de R$ 65,4 bilhões. Quer dizer, só para pagar a dívida com o que gera, sem investir nada, levaria mais de nove anos”, diz.
Plácido, da corrente fundamentalista, ou seja, que analisa os fundamentos da companhia mais que o sobe-desce do papel, diz que há três saídas possíveis para a Oi. A primeira é a recuperação judicial dar certo, o que é pouco provável na sua avaliação. A segunda seria a venda da companhia. E a terceira, a Anatel permitir que a Oi seja fatiada entre as outras empresas de telefonia no País.