29/06/2004 - 7:00
Oque você faria com 50 bilhões de dólares? Atenção: não é permitido gastar em jatos e ilhas particulares. Trata-se de pôr a mão no bolso em nome de um mundo mais justo. Para responder esta questão, um reputado estatístico e ecologista dinamarquês, Bjorn Lomborg, reuniu em Copenhague, recentemente, um dream-team de economistas. Eram oito craques, três deles vencedores do Prêmio Nobel. Distribuídos em pequenas conferências, como num júri simulado, tinham que listar os 10 problemas mais graves da Terra. Mais que isso: precisavam dizer quanto aplicar, na ponta do lápis, para saná-los, levando em consideração que todos os investimentos devem ter retorno financeiro.
O resultado do encontro: em primeiríssimo lugar despontou o controle da Aids, para o qual seriam destinados US$ 27 bilhões. O segundo posto ficou com o tratamento da malária, numa aposta de US$ 13 bilhões. A medalha de bronze coube ao desenvolvimento de novas tecnologias na agricultura para combater a desnutrição e a fome, com US$ 12 bilhões. A estimativa desses pensadores dos números é que, gastando esse montante com problemas monumentais como os dessa trinca, em cada um deles a economia chegaria a valores três vezes maiores que o desembolsado. Por isso é um dinheiro muito bem gasto. As decisões do encontro receberam o título de ?Consenso de Copenhague?.
?Listar os principais dramas da Terra de acordo com as relações de custo e benefício é um grande passo para reduzir as diferenças sociais ?, diz o americano Vernon L. Smith, Nobel de 2002. Smith, assim como cada um dos outros participantes do evento, desembolsou US$ 30 mil para participar da conferência. O grande derrotado foi o meio ambiente. O Protocolo de Kyoto e a criação de uma taxa para emissão de CO2 no ar foram consideradas as piores aplicações entre todas as discutidas. A alegação dos especialistas: por serem investimentos de longuíssimo prazo, sem resultados palpáveis antes de um século, representam aposta arriscada.
?O pior resultado do aquecimento global será o crescimento das tempestades tropicais, mas percebemos que é mais produtivo gastar dinheiro eliminando as doenças do que tentando diminuir o chamado efeito estufa?, diz Thomas Schelling, dos EUA. Um outro Nobel, Douglass C. North, premiado em 1993, resumiu os de-
bates de Copenhague de modo irônico. ?Os economistas passam a vida atentos apenas a minúcias?, diz North. ?É sempre bom quando eles se reúnem para tratar
de problemas que realmente importam.?
APLICAÇÃO
Os três principais destinos dos dólares
AIDS
U$ 27 bilhões
MALÁRIA
U$ 13 bilhões
FOME
U$ 12 bilhões