A B3, bolsa de valores brasileira, tem apresentado queda nos últimos cinco dias. O índice Bovespa, indicador de desempenho médio das cotações de ações negociadas na B3, registrou queda de 2,69% no período. Nesses momentos, um investidor inexperiente pode não saber o que fazer e ter prejuízos.

A primeira pergunta a ser feita nesta situação é se o evento que gerou a queda vai trazer impacto nas operações no mundo real para as empresas que você tem em carteira, segundo Guilherme Spina, analista de mercado.

“Se o evento impactar a operação da empresa, vale rever o modelo financeiro para incluir os impactos nas projeções e verificar se haverá uma redução considerável no valuation (valor) da empresa”, orienta o analista. “Dependendo do caso, a análise irá indicar que chegou a hora de vender a ação por perda dos fundamentos.”

Mas se o evento não tem impacto direto na empresa, é só seguir firme na estratégia, respeitando o resultado da análise e do modelo financeiro adotado pelo investidor para vender a ação pelo preço justo no momento certo. 

E se a bolsa está caindo, mas sua ação permanece com o mesmo valor? A orientação é a mesma: segurar a ação até ela atingir o preço justo para vender no momento correto e capturar o maior upside (potencial aumento do valor da ação) possível. “Isso  pode ser um bom indicativo de que você fez um bom processo de stock picking (escolher ativos a preços baixos e vendê-los quando estiverem valorizados)”, aponta Spina.

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Controlar os nervos

O analista ressalta que é importante manter a calma em períodos como o atual. “Na maior parte do tempo, seguir o mercado em momentos como esse pode não ser a melhor escolha, pois no curto prazo o mercado é bastante ineficiente na forma de precificar seus ativos”, diz Spina. “No longo prazo, ele tende a entender e considerar os resultados das empresas. É neste momento que você conseguirá realizar a venda pelo preço justo.”

Outro ponto de atenção é em relação às notícias divulgadas sobre as empresas listadas na bolsa. No curto prazo, explica o analista, notícias negativas sobre os cenários macroeconômico e político tendem a ser os maiores vilões. 

A subida da taxa de juros, por exemplo, tende a influenciar a bolsa para uma queda, assim como a divulgação de resultados fracos de empresas que possuem grande peso no índice, como a Vale (VALE3), que representa quase 17% do IBovespa. 

“É importante acompanhar as notícias, como forma de complementar e trazer mais insumos para a análise que você fez antes de comprar as ações. Se a notícia pode impactar a operação da empresa, é preciso rever o modelo financeiro para alterar as premissas utilizadas na projeção, pois isso pode afetar o seu valuation”, diz o analista.

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Oportunidade com a queda da bolsa

Por outro lado, quedas na bolsa podem gerar grandes oportunidades, aumentando a diferença entre o preço pago e o preço justo de uma ação, principalmente em casos em que a empresa não é afetada pelo evento na economia real que as gerou.

“Quando você compra a ação de uma empresa em um dia de queda, a tendência é que a diferença entre o preço pago e o preço justo fique maior, portanto, pode aumentar o retorno esperado para a ação”, explica Spina.

Por isso é importante ter sempre uma reserva de dinheiro para aproveitar essas oportunidades. “Muitos investidores deixam esse detalhe de lado, mas recomendo aos meus clientes manter entre 10% e 20% do patrimônio em caixa, pois assim eles podem aproveitar bem os períodos de queda”, diz. 

Cuidados

Investir em ações não é algo tão simples. A volatilidade do mercado, a falta de conhecimento e de estratégia podem tornar o investimento em ações bastante arriscado. Mas o analista de mercado acredita que se o investidor se preparar para investir em ações, estudar bastante, definir uma estratégia, entender a volatilidade do mercado e diversificar seus investimentos, o risco fica controlado.

“O foco no longo prazo vai aumentar suas chances de ter sucesso, porém realizar um bom processo de stock picking é essencial para montar uma carteira vencedora”, aponta Spina.

Além de ler e fazer cursos para aprender a gerenciar sua carteira de ações, é possível contratar os serviços de uma casa de research que fará este serviço para você, caso não tenha tempo para acompanhar as empresas.

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