A trajetória de Erasmo Carlos, que faleceu nesta terça-feira (22) aos 81 anos, se mistura com a história da Jovem Guarda, importante movimento artístico que renovou não só a música, mas o comportamento dos jovens brasileiros na década de 1960. 

O início do movimento ocorreu com os encontros entre Erasmo, Roberto, Tim Maia e Jorge Ben no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ). A turma ficou conhecida como “Turma do Matoso”, em referência a Rua do Matoso. Nesta época, surgiram as bandas “Sputniks”, “Os terríveis” e “The Snakes”.

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O ponto essencial para o movimento ganhar importância foi o programa Jovem Guarda, da TV Record, que foi ao ar entre 1965 e 1968. A atração era apresentada por Roberto, Erasmo e Wanderléia. O programa chamou atenção dos jovens com suas roupas modernas e a sonoridade influenciada pelo rock n’ roll dos Beatles. Os meios de comunicação como as revistas, o cinema e a fotografia ajudaram na democratização do movimento entre os mais jovens.  

Após o golpe militar de 1964 e a consolidação da ditadura, os artistas da Jovem Guarda foram muitas vezes acusados de ser coniventes com as perseguições e a censura. Apesar disso, algumas músicas de protesto foram feitas, como “Debaixo dos Caracóis dos seus cabelos”, de Roberto Carlos para Caetano Veloso no exílio. Nesse mesmo caminho dos protestos, em 1971 Erasmo lançou “É preciso dar um jeito, meu amigo”. “Mas não vou ficar calado/ No conforto acomodado como tantos por aí”, cantou. 

Mesmo no final da vida o Tremendão não abandonava as ideias e o comportamento da Jovem Guarda. Seu último trabalho, vencedor do Grammy latino de melhor disco de rock ou música alternativa em língua portuguesa, se chama “O futuro pertence à jovem guarda”.