Alencar, da CSU: Vitória na maior licitação do mercado rendeu contrato de R$ 200 milhões

Uma briga de foice, acirrada mas silenciosa, está sendo travada nos bastidores do mercado de cartões. Desconhecidas do grande público, as protagonistas do duelo são as companhias contratadas pelos bancos para processar os milhões de pagamentos feitos com dinheiro de plástico. Até o primeiro trimestre deste ano, este era um setor relativamente pacato, com participações de mercado bem definidas e estáveis. Uma associação entre Bradesco, Banco Real e a americana Fidelity, no fim de março, começa a mudar esse cenário. No momento, a empresa resultante da joint venture processa apenas 6% dos cartões em circulação no País. No entanto, quando a migração dos cartões do Bradesco, do Real e da American Express (agora pertencente ao Bradesco) for concluída, em dois anos, a participação da Fidelity saltará para 25% e ela se tornará líder do mercado de processamento, segundo um estudo da Partner Consultoria. Atual líder do segmento, a Orbitall, controlada pelo Itaú, deve perder espaço e ver sua participação encolher de 31% para 19%, de acordo com a mesma pesquisa.

Paralelamente, o mercado dá como certa a adesão de outros bancos à terceirização, o que abrirá novas oportunidades de negócio. Pelas projeções da Partner, a CSU CardSystem, única empresa do ramo com ações negociadas na Bovespa, pode aumentar sua fatia de 5% para 9% até 2007. ?A tendência, no longo prazo, é que os bancos terceirizem toda a parte de processamento de cartões, e essa disputa se acirre ainda mais?, avalia Álvaro Musa, presidente da Partner. Em jogo está um segmento que hoje movimenta, anualmente, cerca de R$ 500 milhões.

Zero, da Fidelity: Parceria com Bradesco e Real renderá liderança de um mercado que gira R$ 500 milhões

Atualmente, cerca de 75% dos cartões de crédito do País são processados internamente nos bancos. É uma área tradicionalmente considerada estratégica pela maioria do mercado. Mas, para Reginaldo Zero, presidente da Fidelity, a resistência em romper este padrão é, cada vez mais, corporativa. ?O sistema financeiro sempre acredita que pode fazer melhor?, alfineta. ?Depois do Bradesco, muita gente vai rever a decisão de processar dentro de casa?, aposta ele. O próximo candidato, segundo Zero, é o Banco do Brasil.

A chegada agressiva da Fidelity, naturalmente, agitou o setor. Em seu relatório do primeiro trimestre, a CSU CardSystem afirma que tende a se beneficiar com a entrada da nova concorrente. A justificativa: ela ?amplia nosso diferencial de independência, fator estratégico para a atuação nessa indústria?. A tese de Wanderval Alencar, diretor-executivo da CSU, é a de que, quando a processadora de cartões é controlada por bancos, ela tende a privilegiar seus acionistas, em detrimento dos demais clientes. Coincidência ou não, a CSU acaba de vencer a maior licitação do mercado de cartões e conquistar os 3 milhões de plásticos da Caixa Econômica Federal, antes nas mãos da Orbitall. A CSU cuidará de tudo: desde o processamento dos pagamentos em si até a emissão de faturas e o serviço de call center. O contrato com a Caixa envolve receitas brutas de R$ 200 milhões. Outros clientes da companhia são os bancos Nossa Caixa e HSBC e a financeira Losango, controlada por este último.