Olá, pessoal! Tudo bem? O mês de janeiro passou como num estalar de dedos, mas esse início de ano nos trouxe inúmeras lições econômicas. Embora eu venha repetindo em artigos e palestras que o cenário para a economia em 2020 é positivo – o Brasil deve crescer o dobro de 2019 –, jamais deixo de salientar os riscos. Na minha lista dos itens mais problemáticos, costumo colocar Donald Trump (risco internacional), governo Bolsonaro (risco político) e Supremo Tribunal Federal (risco jurídico). E ainda surgiu mais um: o coronavírus.

Logo no começo do ano, Trump mostrou que está disposto a tudo para ser reeleito. Até mesmo uma guerra. As Forças Armadas americanas mataram o principal comandante militar do Irã num ataque ao aeroporto de Bagdá, no Iraque. O episódio só não teve grandes impactos na economia mundial porque a resposta do Irã foi tímida. Fica a lição: uma guerra pode começar a qualquer momento, principalmente em ano eleitoral. Basta Trump querer.

No ambiente interno, o mês de janeiro tinha tudo para ser morno por conta dos recessos do Congresso e do Poder Judiciário. No entanto, a fábrica de polêmicas do governo Bolsonaro não tirou férias. Neste ponto do artigo, preciso reiterar que não tenho nenhuma posição política contra nem a favor do governo. Procuro sempre elogiar e criticar com base em análises imparciais. A agenda econômica, por exemplo, é muito boa. A articulação política, por outro lado, segue ruim.

Dito isso, o presidente Jair Bolsonaro vem acumulando desafetos dentre aliados. O caso mais recente envolve o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que aparentemente ganhou uma sobrevida no cargo. Até quando? Onyx tem importante papel na articulação do governo com o Congresso Nacional, e as reformas do ministro da Economia, Paulo Guedes, dependem dessa articulação. Quanto ao Supremo, não houve polêmica relevante até agora, mas a volta do recesso se dará nesta semana. Oremos.

Dos riscos realmente imprevisíveis, devemos destacar o coronavírus, cujo epicentro se dá na China, a segunda maior economia do mundo. Bolsas caíram, dólar subiu e até agora permanece uma enorme interrogação sobre o efeito na economia real. Se o crescimento chinês perder fôlego e crescer muito abaixo de 6%, em 2020, haverá impacto negativo no mundo inteiro. Os países emergentes serão os maiores prejudicados e o Brasil encabeçará essa lista, dado que a China é o nosso principal parceiro comercial. Sem falar no risco de o coronavírus se espalhar pelo mundo, atrapalhando o Produto Interno Bruto (PIB) global.

Diante disso tudo, como responder ao título deste artigo? O mês de janeiro nos ensinou que é preciso ter cautela mesmo quando o cenário parece ser promissor. Quem foi com muita sede ao pote e exagerou na Bolsa de Valores perdeu dinheiro. Isso não significa que não possa recuperar logo mais. Quem dependia do dólar e não fez hedge (proteção cambial) também se deu mal. Além das questões financeiras, o que mais me preocupa é o impacto que todos esses riscos possam ter na mente de empresários e investidores. Se eles adiarem decisões por conta de um cenário nebuloso, o ano ficará comprometido. Por ora, mantenho o otimismo no Brasil, mas não deixarei de monitorar os riscos com lupa. Sugiro que você também o faça.