Os dois últimos apagões no Brasil aconteceram em 2009, devido a uma falha na Usina de Itaipu, e em 1999, quando o presidente da República ainda era Fernando Henrique Cardoso. Este último foi um dos piores, quase um presságio para crise energética de 2001 que forçou o Brasil a impor regras de racionamento.

Agora em 2023 vivenciamos um apagão em menor escala, desta vez, ao que tudo indica, gerado por uma abertura indevida da interligação Norte-Sudeste. Em nota, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) afirma que a causa da ocorrência ainda está sendo estudada, mas as redes sociais já deram seu veredito.

Assistimos a discursos de ataque ao governo, parecido com o que acontecia com os times de futebol rivais, como Botafogo e Flamengo ou Palmeiras e Corinthians. Tanto queríamos que nossa sociedade se politizasse, que aumentasse o nível cultural, mas pouco conseguimos algum desses objetivos. Criamos uma polarização extrema, que nada trouxe de positivo ao Brasil. 

O apagão não teve a ver com um problema de governo, foi uma questão técnica. Logo que a energia e a internet voltaram, já vimos em todas as redes sociais acusações sobre a privatização da Eletrobrás no governo Bolsonaro ou sobre a falta de estrutura e competência no governo Lula e narrativas que ganhavam ainda mais força ao longo do dia.

Uma pena ninguém ter falado sobre o grande risco de o país colapsar pela falta de investimentos. Caso nosso PIB ganhe força e a linha de produção gere um novo ‘boom’, com certeza iremos esbarrar na falta de infraestrutura, energética e transportadora. 

 

Estrutura de transporte no Brasil 

 

Ao longo dos anos, os governos pouco se preocuparam em alterar nossa matriz de transporte. Segundo pesquisa sobre os custos logísticos no Brasil, divulgada pela Fundação Dom Cabral, 75% da produção brasileira é transportada por meio do modal rodoviário.

Modo responsável por apenas 5,4% do transporte da produção nacional, o modal ferroviário acarretaria em melhorias no trânsito, na emissão de poluentes, na diminuição do roubo de cargas e acidentes. Uma economia estimada em 30%, devido à capacidade de carga maior dos trens. 

 

Estrutura energética no Brasil

 

No campo energético, pouco falamos sobre o caos que seria se aumentássemos nossa capacidade produtiva, pois teríamos uma limitação energética. 

Há uma correlação entre o desempenho do PIB e o consumo de energia elétrica. A lógica é bem simples: quanto mais aquecida a economia, maior será o uso de energia. Por isso é importante que o setor seja constantemente analisado de modo que o planejamento seja capaz de suportar a demanda para o futuro.

Os gráficos abaixo deixam essa relação muito clara. 

 

Em resumo, acredito que tenhamos competência para assistir a novos crescimentos do PIB, mas ele será limitado pela barreira de infraestrutura, já que se conseguirmos este avanço veremos novos apagões pelo Brasil.

Enquanto discutirmos pouco sobre isso, os reais temas de relevância para o futuro do país, vamos continuar assistindo a esses embates em nossa sociedade. 

Brigas políticas que nos tiram o foco e fazem com que a sociedade precise escolher um lado. A economia não é sorte e no fim estamos todos do mesmo lado, sofrendo as consequências dos erros de ambos.