Nos últimos cinco anos, os holofotes do mercado financeiro estiveram direcionados majoritariamente para dois personagens: André Esteves, controlador do banco BTG Pactual, e o empresário Eike Batista, do grupo EBX. Donos de estilo agressivo, eles conquistaram a confiança dos investidores daqui e do Exterior, com a promessa de ganhos elevados em grandes negócios. Ambos brilharam na Bolsa de Valores ao abrir o capital de suas empresas nos últimos anos. O BTG consolidou-se como um dos maiores bancos de negócios do País. Desde o final de 2011, o mundo das empresas X, de Batista, passa por uma queda de braço com o mercado, que reviu as projeções de crescimento e derrubou o preço das ações de suas companhias. 

 

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União de gigantes: Esteves e Eike fecham parceria de olho nos investidores globais

 

Na quarta-feira 6, os dois bilionários voltaram a dividir a atenção do mercado com a assinatura de um acordo de cooperação estratégica entre a EBX e o BTG. Caberá à equipe composta por executivos das duas empresas definir os rumos estratégicos do grupo EBX. Os recursos para tocar os projetos serão levantados pelo banco diretamente ou por meio da indicação de sócios. E disso Esteves entende bastante. Nos últimos três anos, seu BTG se transformou em uma das mais agressivas casas bancárias do País. Ele também se firmou como um destacado fundo de private equity investindo em empresas dos setores de construção (WTorre, BR Properties) e de saúde (Brazil Pharma e Rede D’or). 

 

Em 2012, o BTG despontou também como um dos líderes na emissão de títulos, em dólar, de empresas latino-americanas. Esteves e sua equipe conseguiram ainda abrir as portas do País para fundos soberanos, como o de Abu Dhabi e de Cingapura, sócios no BTG. Esses atributos são exatamente o que Eike Batista precisa para dar prosseguimento às suas apostas empresariais, que exigem ousadia e grandes somas de recursos. Em troca de aconselhamento e assessoria na gestão da EBX, Esteves vai ganhar uma taxa baseada na valorização das ações das companhias ligadas à EBX, listadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Nos últimos três anos, o BTG já colocou cerca de US$ 3 bilhões nas empresas X, de acordo com uma fonte próxima a Batista. 

 

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“O Esteves acha que as ações estão subavaliadas e, por isso mesmo, têm um enorme potencial de alta”, disse um executivo que ajudou na costura do acordo. Faz sentido: desde a estreia dos papéis nos pregões, a queda acumulada das ações do grupo chega a 47%, segundo a Economática. A primeira reunião do comitê aconteceu já na quinta-feira 7, menos de 24 horas após o anúncio da parceria, na sede da EBX, no centro do Rio de Janeiro. Esteves, de acordo com um dos presentes ao encontro, acompanhou tudo a partir de um sistema de teleconferência instalado na sede do BTG, em São Paulo. O mercado reagiu bem à novidade. Naquele dia, os papéis das empresas como OGX, MMX e LLX ganharam cerca de R$ 2,5 bilhões em valor de mercado na Bovespa. 


Somente a MMX teve alta de 17%. “A parceria possibilita que os projetos do grupo EBX sejam concretizados”, afirma o empresário Fabio Spina, sócio-diretor da AGN Partners, parceiro do BTG na B&A Mineração. “Isso é bom para o Brasil.” Outra boa notícia foi a assinatura de uma joint venture entre a EBX e a britânica BP. O novo comitê resultante da parceria de Eike e Esteves terá um perfil técnico. “A ideia é reunir profissionais com experiência em finanças e gestão e boa interlocução com investidores daqui e do Exterior”, diz uma fonte ligada a Eike Batista. O empresário Eduardo Gouvêa Vieira, presidente da Firjan, nomeado vice-presidente da EBX há dois meses, deixou a companhia.

 

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