A Justiça de Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, decretou a prisão preventiva do principal suspeito de assassinar Pedrinho Matador, considerado o maior serial killer do Brasil. Pedro Rodrigues Filho foi morto a tiros aos 68 anos na frente de sua casa, no dia 5 de março, em Mogi das Cruzes. Os criminosos cortaram sua garganta com uma faca de cozinha. Os suspeitos do assassinato estão foragidos. Pedrinho foi acusado de ter matado 71 pessoas, entre elas o próprio pai.

O delegado Rubens José Ângelo, do Setor de Homicídios e de Proteção à Pessoa, representou pela prisão após identificar o suspeito e descobrir a possível motivação para o crime. O nome do autor do crime não foi revelado para não prejudicar as investigações, já que outros dois comparsas dele, também foragidos, ainda são investigados.

O homem acusado tinha dois mandados de prisão expedidos contra ele em aberto, ou seja, sem cumprimento. Uma das acusações é de receptação e a outra de roubo. De acordo com informações de agentes que atuaram na investigação do caso, o suspeito controlava pontos de venda de drogas no bairro Ponte Grande, onde Pedrinho Matador morava e tinha familiares.

Depois que saiu da prisão, o ex-serial killer se tornou evangélico e mantinha um canal no Youtube em que se autodenominava “Pedrinho ex-Matador com Jesus”. Nesse canal ele se dizia convertido e atacava os traficantes. O ex-serial killer teria entrado em choque com líderes locais da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que pediram consentimento aos superiores na hierarquia da organização para eliminá-lo.

Trajetória de crimes

Pedrinho nasceu em uma fazenda, em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, e cresceu em um ambiente familiar conturbado. Aos 9 anos, fugiu de casa e foi viver na capital paulista. Aos 14, cometeu o primeiro assassinato, matando o vice-prefeito da cidade de Alfenas (MG) por ter demitido seu pai, suspeito de roubar merenda escolar. Em seguida, matou um vigia, que suspeitava ser o verdadeiro ladrão.

Após os crimes, fugiu para Mogi das Cruzes e começou a trabalhar no tráfico de drogas, iniciando também uma sequência de assassinatos. Em uma só ação, matou um traficante, seu irmão e seu cunhado. Em outra ocasião, ainda menor, invadiu armado uma festa e matou seis suspeitos de envolvimento no assassinato de sua mulher. Preso em 1973, aos 18 anos, continuou matando na prisão. Entre as vítimas, matou o pai com 22 facadas após tomar conhecimento de que ele havia assassinado sua mãe com 21 golpes de facão.

Condenado inicialmente a 126 anos de reclusão, Pedrinho teve as penas aumentadas pelos crimes cometidos na prisão, chegando a uma condenação total de quase 400 anos. Ele foi solto definitivamente em 2018. Por ironia, ele havia sido salvo da morte pelo PCC em 2000, quando estava preso na Casa de Custódia de Taubaté, unidade onde surgiu a facção.

Os presos se amotinaram e mataram nove detentos – três deles tiveram as cabeças cortadas. Pedrinho seria um dos alvos, mas sua execução foi impedida pelo então colega de prisão, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como o número 1 do PCC. O detento teria feito alguns favores para Marcola.