A volatilidade dos mercados é algo que afeta muitos investidores, que quase sempre acabam optando pela renda fixa. No entanto, existem outras modalidades de investimentos que podem proporcionar bons retornos, mas com um risco um pouco menor que o da renda variável com retornos semelhantes, os ativos judiciais.

De acordo com o CMO da M4 Distressed Assets Bruno Bom, os ativos judiciais são recebíveis que ainda estão correndo na justiça e devem ser pagos quando o processo finalizar. No entanto, a pessoa que vai receber esse dinheiro tem uma certa pressa e acaba cedendo o direito para um terceiro que paga uma quantia menor.

“Suponhamos que João tenha uma indenização trabalhista de 1 milhão para receber, no entanto, ele quer o dinheiro para hoje. Ele vai no mercado e vende esse direito de receber um milhão daqui a uns 6 anos por 400 mil para Maria. A investidora entrega o valor de R$ 400 mil para João e espera receber o R$ 1 milhão no vencimento do prazo”, disse.

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Porém, o indivíduo que for comprar o direito de receber deve tomar alguns cuidados. O primeiro deles, segundo Bom, é saber se o processo está na fase de conhecimento ou execução. Segundo ele, a rentabilidade desses ativos pode chegar a 90%, mas esses reservam um risco que o próprio Bruno Bom prefere evitar. “Se estiver na fase de conhecimento, onde o processo ainda está no início e não se sabe se o pagamento realmente será feito, o melhor é o investidor não comprar esse ativo”, afirmou.

Já quando o processo está na fase de execução, quando o valor a receber é definido entre as partes acordadas e a data de pagamento é pré-estabelecida, o investidor tem mais garantias. “Nessa altura já se sabe se o indivíduo processado vai poder pagar a indenização e em quanto tempo o investidor vai receber o valor total”, disse.

Ativos públicos e privados

Bruno Bom disse ainda que existem duas modalidades, os ativos públicos e privados. Os públicos são os processos ganhos contra o governo, como os precatórios. E os privados são variados, como ações trabalhistas e processos diversos.

A vantagem dos ativos públicos, conhecidos como precatórios na esfera federal, é o baixo risco. Entretanto, ele existe, basta lembrar da PEC do Precatórios aprovada no governo Bolsonaro, que prorrogou o pagamento desses ativos públicos para gastar em outras áreas, dando calote nos investidores.

Por isso, Bruno Bom tem preferência por ativos privados com foco nos processos trabalhistas. “Esses são um pouco mais garantidos que os demais, principalmente em relação aos processos de pessoa física contra pessoa física”, afirmou. Ele disse ainda que a rentabilidade média dos ativos trabalhistas fica na casa dos 50% do valor investido.