Um frisson tomou conta do público quando o diretor de tecnologia da subsidiária brasileira do Deutsche Bank, Jorge Vacarini Júnior, anunciou às centenas de presentes no auditório do Transamérica Expo Center, em São Paulo, na quarta-feira 4, que teriam a oportunidade de participar do Meet & Greet com o cofundador da Apple Steve Wozniak, que havia acabado de proferir uma palestra. Na sala, que contava com dezenas de pessoas em pé, formou-se uma fila gigantesca, que demorou mais de uma hora para se dissipar.

Tempo que não tirou o pique de Wozniak. O empreendedor americano, que com seu parceiro Steve Jobs fundou a Apple, na década de 1970, esbanjou bom humor, abraçou a todos que lhe pediam para tirar fotos, conversou e distribuiu autógrafos. Woz, como gosta de ser chamado, parecia estar mesmo de bem com a vida. Durante sua palestra, fez diversas piadas. Apesar de o tema de sua apresentação ser O Futuro da Tecnologia, o cofundador da Apple passou boa parte do tempo falando sobre o passado ao lado de Jobs e dos primeiros passos da companhia.

Ao final, após interagir com as centenas de pessoas, com direito a demonstrações explícitas de tietagem que não ficavam longe das que costumam ser dedicadas por adolescentes a seus ídolos musicais, Wozniak ainda encontrou energia para atender aos apelos dos jornalistas, que queriam conversar com o ícone do Vale do Silício sobre tecnologia. “Eu converso com os jornalistas, sim”, disse aos membros de sua equipe. “Eles estão sendo tão legais hoje.” DINHEIRO estava lá. A seguir, um resumo do que pensa esse nerd assumido, que ajudou a revolucionar a indústria da tecnologia:

A compra da Beats

A Apple já mostrou ao mercado que irá voltar seus esforços para o conteúdo na rede. Além de adquirir a marca de fones de ouvido de luxo e streaming de músicas Beats, por US$ 3 bilhões, também impulsiona os negócios de sua Apple TV. Woz acredita que o investimento bilionário vai se pagar. Mas outra coisa o deixou preocupado. “Um dia antes da compra da Beats, foi enviada uma carta ao órgão responsável por internet nos Estados Unidos, a favor da neutralidade na rede. A assinatura da Apple não estava lá”, afirmou Wozniak. “Não gostaria de ver a Apple contra a neutralidade na internet. Eu sou a favor.”

O iOs é muito bom, mas o Android está melhorando

“A Apple poderia fazer um smartphone com Android”, teria dito Wozniak, tempos atrás. Ele, contudo, fez questão de explicar a declaração, que, segundo suas palavras, foi publicada fora do contexto. “Estava falando que o BlackBerry poderia usar o Android”, afirmou. “E complementei falando que até a Apple poderia fazer um. Poderia. Não quer dizer que deveria.” O Android, sistema operacional desenvolvido pelo Google, lidera o mercado, com folga. Atualmente, 78% dos smartphones usam o Android e 16% o iOS, da Apple. Para Wozniak, no entanto, a qualidade não é comparável. “O iOS entrega uma experiência muito superior”, disse. Ele, no entanto, admite: a versão atual do Android, chamada de KitKat, é muito boa.

Tecnologias vestíveis

Recentemente, Wozniak ganhou um relógio inteligente Galaxy Gear, da rival coreana Samsung. Ele devolveu o brinquedinho tecnológico em menos de 24 horas. “Nunca tinha feito aquilo com uma inovação tecnológica”, disse ele. “Os vestíveis de hoje são como fones de ouvido Bluetooth: você usa um ou dois dias e depois guarda.” Por isso, conclui Wozniak, a Apple ainda não entrou no mercado dos acessórios inteligentes. “A Apple não vai fazer um produto assim”, afirmou. “Faria mal até para a imagem da marca.” Ele acredita que a empresa tem algo na manga e que brevemente vai mudar o mercado com o “iPhone” dos vestíveis.

O futuro está na inteligência artificial

Wozniak ficou animado com as inovações feitas no assistente pessoal da Apple, o Siri. O americano acredita que o futuro da tecnologia passa pelo desenvolvimento desse tipo de programa, que ajuda o usuário a utilizar recursos de inteligência artificial, baseada nos hábitos do dono do aparelho. Tanto que está ansioso para colocar as mãos no Cortana, do Windows Phone, similar ao Siri. “Quero ver o que a Microsoft vai nos trazer com o Cortana”, disse. “Sou um usuário de Windows Phone e quero experimentar.”