23/06/2025 - 8:14
Juliana Marins, de 26 anos, foi localizada pela segunda vez, mas mau tempo interrompeu resgate. Descrita como viajante aventureira, ela permanece sem água, comida e roupas para o frio.Equipes de resgate na Indonésia terminaram sem sucesso nesta segunda-feira (23/06) o terceiro dia de buscas por uma turista brasileira que caiu durante uma trilha no vulcão Monte Rinjani. Segundo a família da publicitária Juliana Marins, de 26 anos, ela foi avistada pela segunda vez em dois dias, mas a operação foi mais uma vez interrompida pelo mau tempo às 16 horas do horário local (06 horas de Brasília).
A brasileira está desaparecida desde sábado, quando caiu de um penhasco que circunda a trilha junto à cratera do vulcão. Ela sofreu uma queda de aproximadamente 300 metros e permanece, desde então, sem água, comida ou roupas apropriadas para o frio.
Segundo o Itamaraty, dois funcionários da embaixada acompanham o resgate, enquanto o Brasil pede reforço aos esforços de busca para o governo da Indonésia. A operação contaria com um drone térmico, cuja sensibilidade ao calor permite encontrar pessoas sob baixa visibilidade.
Aventureira e corajosa
Juliana fazia a trilha com apoio de uma empresa de turismo. Ela estava num grupo com outros cinco turistas e um guia local, como mostram imagens tiradas por ela mesma e compartilhadas com a imprensa brasileira.
Mais de três horas depois da queda, Juliana foi localizada pela primeira vez por imagens gravadas com um drone por outros turistas. O vídeo mostra que, no sábado, ela sobreviveu à queda do precipício e estava numa fresta entre rochas.
A jovem tinha dificuldade para se mover e estava sem os óculos, sem os quais não enxerga. Uma primeira tentativa de resgate teria falhado porque Juliana já não se encontrava mais no ponto onde havia sido filmada.
Formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Juliana é de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Ela já estivera no Egito por dois meses durante os estudos universitários e trabalhara na produção de um canal televisivo de esportes radicais.
O seu perfil no Instagram retrata Juliana como uma jovem viajante, em frequente contato com a natureza e dançarina de pole dance. Neste ano, a brasileira fazia um mochilão pela Ásia, tendo visitado Filipinas, Vietnã e Tailândia. Já popular antes do acidente, ela agora acumula mais de 55 mil seguidores.
Um perfil criado na mesma rede social para advogar pelo seu resgate a descreve com “uma mulher brasileira que viajava o mundo com coragem.”
Condições adversas
À TV Globo, uma das companheiras de trilha de Juliana relatou que o grupo subiu 1,5 mil metros no primeiro dia até um acampamento. Um vídeo mostra as duas jovens decepcionadas com a vista totalmente encoberta por nuvens, falando em tom de brincadeira para a câmera.
Na manhã seguinte, foi retomado o percurso sob condições adversas. Segundo outros membros do grupo, estava frio, escuro, nublado e escorregadio, e parte do grupo seguiu na frente de Juliana, que tinha dificuldades para seguir o trajeto.
“A Juliana entrou em desespero porque não sabia o que fazer – e aí acabou culminando no sumiço dela. Quando percebeu que ela estava demorando muito, ele [o guia] chegou e viu que ela tinha caído lá embaixo”, disse Mariana Marins, irmã de Juliana, ao programa Fantástico da TV Globo. Ela reproduzia informações fornecidas por funcionários do parque onde se localiza o vulcão.
Informações desencontradas
Há desencontro nos relatos sobre as condições em que aconteceu a queda, que chegam virtualmente à família no Brasil. Funcionários do parque disseram à família que o guia a deixara para trás quando ela expressou estar cansada demais para prosseguir a trilha. Já os companheiros de excursão disseram que o guia estava perto dela quando ela caiu.
Também chegou aos seus parentes inicialmente o relato de que Juliana chegara a receber água, comida e agasalho após a queda. Depois, entretanto, a família voltou atrás, afirmando que recebera informações falsas. Circulam ainda imagens forjadas de um falso resgate, segundo Mariana.
À imprensa, a família da jovem criticou o governo brasileiro por não fornecer informações precisas e vê negligência e lentidão na operação de resgate, que é a cada dia interrompida ao entardecer.
Em nota, o Itamaraty disse que “desde que acionada pela família da turista, a embaixada do Brasil em Jacarta mobilizou as autoridades locais, no mais alto nível, o que permitiu o envio das equipes de resgate para a área do vulcão onde ocorreu a queda, em região remota, a cerca de quatro horas de distância do centro urbano mais próximo.”
ht/cn (Agência Brasil, ots)