A morte do cabeleireiro José Roberto Silveira, de 59 anos, conhecido como Betto Silveira, é investigada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O crime ocorreu no último sábado, 22, no Alto de Pinheiros, bairro nobre da zona oeste de São Paulo.

Veja o que se sabe e o que ainda falta esclarecer

Onde o crime ocorreu?

Na residência da vítima. Betto foi encontrado por amigos amordaçado, com punhos e joelhos amarrados por fios e com sinais de asfixia, segundo boletim de ocorrência obtido pelo Estadão.

Conforme o boletim, ele saiu de casa por volta de 1h40 de sábado e retornou ao local pouco depois, às 2h13. Ele estava de carro, um Hyundai HB20 de cor preta.

Algumas horas depois, às 5h53, dois suspeitos são flagrados por uma câmera de segurança da rua abrindo o portão frontal da casa e saindo a pé. Eles ainda não foram identificados pela polícia.

Quem era Betto Silveira?

Nascido em Garça, no interior de São Paulo, Betto chegou a São Paulo em 1991. À época, ele trabalhou na Vila Madalena. Onze anos depois da chegada, o cabeleireiro se mudou para o Alto de Pinheiros, onde estava há 22 anos.

Em suas redes sociais, Betto afirmava que sua profissão era uma espécie de “hobby remunerado”. Ele foi descrito em uma publicação como “um cara que ama ver o sorriso no rosto das pessoas” e que encontrou na profissão uma “forma de produzir tais sorrisos com sua criatividade, empenho e paciência”.

Quem morava no imóvel?

No sobrado, Betto morava com a mãe, uma idosa de 98 anos, que dependia de seus cuidados. Em outro quarto da residência, conforme o boletim de ocorrência, reside um venezuelano que alugou o cômodo. Esse homem relatou à polícia que a vítima foi até o seu quarto para pedir seda para fazer um cigarro por volta das 2h do sábado.

À polícia, o rapaz afirmou que ouviu José conversando com outra pessoa por longo período, além de sons de chuveiro ligado, televisão e música. Por volta das 4h, ouviu ruídos de objetos quebrando e movimentação intensa no quarto, mas que tais sons não lhe causaram estranhamento, justamente por ser rotineiro o elevado movimento na casa da vítima.

O que dizem as testemunhas?

Duas testemunhas relataram à polícia que Betto havia terminado um relacionamento com outro homem recentemente. Uma delas disse que a relação acabou há dois meses. “A vítima desejava reatar, porém o ex-companheiro já estava envolvido em outra relação e não demonstrava interesse, situação que deixou José muito triste à época. Entretanto, relata que, com o passar do tempo, ele superou o término e passou a se relacionar com outro homem.”

Outra testemunha afirmou que o ex de Betto registrou um boletim de ocorrência contra o cabeleireiro em razão de ameaças. Essa testemunha também disse que desde o término da relação, o cabeleireiro passou a conhecer “diferentes homens com certa frequência, por aplicativos de encontro”.

De acordo com a polícia, o boletim de ocorrência contra a vítima foi registrado por lesão corporal e ameaça, em agosto deste ano, “inclusive com aplicação de medida protetiva”. O atual namorado do ex dele também o acusou de ameaça, e uma amiga da vítima relatou que este homem também ameaçou Betto.

O que diz a polícia?

Segundo a Polícia Civil, até o momento, não há indícios de subtração de bens e a ocorrência é apurada como homicídio, possivelmente cometido por mais de uma pessoa. Imagens de câmeras de segurança são analisadas. Pessoas próximas à vítima, como amigos e familiares, também estão sendo ouvidas.

O veículo utilizado pela vítima, obtido por meio de locação, foi apreendido e periciado, e a equipe trabalha no mapeamento dos trajetos percorridos, com o objetivo de reconstruir os momentos anteriores e posteriores ao crime. Por ora, nenhuma linha de investigação é descartada.