03/01/2023 - 7:38
A Rússia reconheceu o maior número de baixas em um único ataque na Ucrânia, após um bombardeio em Makeyevka, no leste do país, que deixou ao menos 63 soldados mortos.
A seguir, veja o que se sabe sobre este bombardeio reivindicado pelo Exército ucraniano.
– O que aconteceu em Makeyevka? –
Na segunda-feira (2), no início da tarde, o Ministério russo da Defesa emitiu um incomum anúncio no qual informou que 63 de seus soldados morreram em um bombardeio no qual foi utilizado um sistema de lança-mísseis HIMARS, um tipo de armamento fornecido pelos Estados Unidos à Ucrânia, que permite ataques de longo alcance.
O bombardeio atingiu a localidade de Makeyevka, um território ocupado por Moscou no leste de Donetsk, um dos redutos controlados por separatistas pró-russos que lutam contra Kiev desde 2014.
O porta-voz do Ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, que não detalhou a data do ataque, informou que quatro mísseis acertaram “um centro de mobilização temporário” do Exército russo. O funcionário indicou que outros dois foguetes foram derrubados.
O anúncio é incomum, já que é o maior número de baixas em um único ataque desde o início da invasão russa em fevereiro e é o primeiro balanço de baixas militares desde setembro. Na ocasião, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, relatou 5.937 mortes nas fileiras russas em vários meses de combates.
– O que dizem os ucranianos? –
A Ucrânia reconheceu que lançou este ataque em 31 de dezembro, antes do Ano Novo, mas as informações sobre as baixas russas em Makeyevka são contraditórias.
O Departamento de Comunicações Estratégicas do Exército Ucraniano informou no Telegram um balanço de mais de 400 mortos e 300 feridos.
No entanto, o Estado-maior indicou que não tem dados definitivos sobre o número de vítimas russas, mas informou que até dez veículos militares de todos os tipos foram destruídos.
– Por que tantos mortos? –
O Exército russo não explicou a razão deste balanço tão elevado de baixas, mas as forças ucranianas mencionaram que havia uma “zona de concentração” de soldados em Makeyevka.
No domingo, os meios de comunicação russos e ucranianos começaram a informar sobre este ataque afirmando que o edifício bombardeado abrigava conscritos russos, ou seja, soldados não profissionais.
Uma fonte das autoridades separatistas locais explicou à agência rusa TASS que este bombardeio foi possível porque muitos militares utilizavam seus telefones celulares, o que permitiu que fossem geolocalizados pelos ucranianos.
– Qual foi a reação na Rússia? –
O anúncio dessas baixas causou choque na Rússia e também gerou críticas aos comandantes militares, que acumularam várias derrotas humilhantes no front ucraniano nos últimos meses.
“Apesar de já terem passado vários meses de guerra, algumas conclusões ainda não foram alcançadas”, confirmou o blogueiro Boris Rojin, próximo aos separatistas pró-russos, que criticou a “incompetência” do alto comando militar russo.
O correspondente de guerra russo Alexander Kots se perguntou por que os recrutas continuam a ser instalados em hotéis, albergues e escolas.
O ex-comandante separatista Igor Strelkov explicou que o prédio foi totalmente destruído pelo bombardeio, pois havia um depósito de munições no local.
Nesta terça-feira, foram organizadas cerimônias na cidade russa de Samara e em outras cidades vizinhas, de onde vieram parte das vítimas.