Após mais de dois anos de crise global de saúde sem precedentes, esperávamos um mundo transformado e pronto para um novo crescimento. No entanto, em 2022 e especialmente em 2023, testemunhamos um aumento significativo na volatilidade em todos os aspectos. Os mercados não foram os únicos a se tornarem mais voláteis; também vimos um aumento marcante dessa característica nas relações pessoais e, principalmente, no ambiente de trabalho.

Vivemos um intenso déjà vu com o surgimento de duas guerras sangrentas. A ordem mundial mudou drasticamente devido à pandemia dos conflitos subsequentes, afetando permanentemente a globalização. Imersos em um clima polarizado, as mídias sociais amplificam um conflito entre ‘nós’ e ‘eles’, onde opiniões superam a análise dos fatos. Esta crise ultrapassa nossas vidas; atingiu instituições cruciais para o equilíbrio global, incluindo a maior democracia do mundo. Era impensável pouco tempo atrás.

Se 2023 trouxe uma sensação de déjà vu em muitos aspectos, como na saúde e nos ambientes militar, político e social, a ascensão da tecnologia, especialmente com a inteligência artificial, nos leva ao “jamais vu”. Esse termo, popular entre mentes inovadoras, descreve a sensação de algo familiar se apresentando como completamente novo, como se fosse a primeira vez.

A habilidade crucial para inovação é desafiar situações conhecidas e rotineiras, interpretando-as com uma nova perspectiva. Com frequência, nos acomodamos a situações existentes, matando, assim, a inovação.

Em 2023, o Fórum Econômico Mundial (WEF) publicou o relatório anual The Future of Jobs, mapeando empregos e habilidades futuras com base na visão de 803 empresas globais. O relatório prevê uma transição digital maciça nas organizações estudadas, prevendo que 42% das tarefas comuns serão automatizadas até 2027, possivelmente resultando no desaparecimento de pelo menos 26 milhões de empregos administrativos e básicos.

Avalie sua conexão com o mundo. A presença nas redes sociais não irá preparar você para o futuro. A diferença estará nos livros lidos, nos podcasts ouvidos, na capacidade de observar atentamente e questionar com humildade, sem preconceitos

As competências dos novos profissionais vão além do ensinado aos gerentes nos anos 80, ainda praticado por muitos CEOs. Agora são essenciais: pensamento analítico, criatividade, influência e resolução de problemas. Acrescentam-se a humildade, curiosidade e generosidade intelectual. O crescimento profissional virá de investimentos para transição verde e padrões ESG.

Avalie sua conexão com o mundo. Não será sua presença nas redes sociais ou a quantidade de séries assistidas que irão preparar você para o futuro. A diferença estará nos livros lidos, nos podcasts ouvidos e nas discussões com pessoas fora do seu círculo. Estará na capacidade de observar atentamente, praticar o ‘jamais vu’ e questionar com humildade, sem preconceitos.

A maioria das pessoas está acostumada a perguntar achando que já conhece a resposta; essa é a melhor forma de não aprender. A cada dia que você deixa de aprender, estará mais distante.

Aprenda, aprenda, aprenda.

Amplie sua consciência para a diversidade e inclusão. Emocione-se, apaixone-se pelo que você faz, não apenas busque fazer aquilo pelo qual você é apaixonado.

Tudo muito diferente do que aprendemos até hoje. Mas como sempre gosto de dizer, é hora de aprender com o futuro que emerge e não mais com o passado que cada vez está mais longe.

Jorge Sant’Anna é diretor-presidente e cofundador da BMG Seguros e membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Bancos