Este homem respeitável da foto acima tem uma atividade noturna pouco comum. Pelo menos para os rapazes. Todas as noites, Robert Kalafsky lambuza-se de creme anti-rugas. E, para ter certeza de que funciona, passa o produto durante o dia também. Calma, não se trata de mais um exemplo de metrossexual ? aqueles homens extremamente vaidosos que não têm vergonha de mostrar sua feminilidade. Kalafsky é o chefe da equipe de cientistas da divisão de Cuidados com a Pele da Avon. Dentro da empresa americana, o bioquímico tem um apelido mais curto: ?pai do Renew?. Para quem não tem o hábito de comprar produtos de beleza, uma explicação da importância do ?filhote? de Kalafsky: o Renew é o primeiro creme anti-rugas (ou antiidade, como é chamado agora) da indústria de cosméticos. Desde o lançamento do produto, em 1991 nos Estados Unidos e 1993 no Brasil, as concorrentes promoveram uma corrida tecnológica para melhorar seus tratamentos contra o envelhecimento da pele. Os mais de 15 produtos da linha Renew atingiram, em 2005, a incrível marca de 4 milhões de unidades vendidas anualmente por aqui ? eram apenas 130 mil em 2000. Tudo graças a Kalafsky e seu time de 50 pessoas do laboratório de Suffern (NY), nos EUA.

Falar que o cientista experimenta na pele os efeitos do Renew não é mera metáfora. O principal ingrediente do cosmético é um ácido – o alfa-hidroxi-ácido (AHA). ?Na fase inicial de testes do Renew original, eu passava o creme e, por ainda não saber a dosagem ideal do ácido, ficava com queimaduras no rosto e com a gola da camisa puída?, lembra Kalafsky. Ainda hoje, ele é cobaia de produtos Avon em desenvolvimento. Mas o esforço é compensado. O Renew não causou apenas uma revolução no mercado de cremes antiidade, mas dentro da própria Avon. A marca, que sempre teve um grande apelo junto ao público mais popular e consagrou o modelo de vendas porta-a-porta, passou a ter mais penetração nas classes A e B depois do lançamento do Renew. Afinal, o desejo de permanecer jovem une mulheres de todos os níveis. Hoje, a linha Renew responde por cerca de 25% do faturamento da Avon, que, em 2005, foi de US$ 8,1 bilhões. No Brasil, as vendas atingiram R$ 4 bilhões de reais e os campeões absolutos de vendas são, naturalmente, também da linha de produtos antiidade.

?Evitar o envelhecimento é a segunda maior preocupação das mulheres no mundo inteiro?, explica Kalafsky. A primeira, segundo ele, é hidratar a pele. Mas, como essa missão já estava sendo resolvida na indústria de beleza, a Avon decidiu investir na pesquisa de produtos antiidade. ?Foram 5 anos trabalhando 10 horas por dia no Renew, além de tocar outros projetos?, conta. A companhia não revela o investimento total no desenvolvimento da linha Renew. Mas dá para imaginar o empenho da empresa, baseando-se no dinheiro destinado ao marketing do último lançamento Renew no Brasil ? o Renew Alternative (a evolução do creme, agora misturado com ervas orientais). Serão R$ 21 milhões só para divulgar o creme. Além disso, ele será vendido por um preço promocional de R$ 49,90 ? o valor real é de R$ 60. São 1 milhão de revendedoras no País ? a maior força de venda da Avon no mundo – com a missão de manter a clientela fiel à marca Renew.