30/05/2012 - 21:00
Baladas, academias, barzinhos, cafés, shoppings, praças, praia – a lista é longa. São muitos os lugares para os quais as pessoas vão quando querem paquerar e conhecer gente nova. A rede social Badoo, que tem sede em Londres, tenta cumprir o papel de todos esses locais em um único endereço no mundo virtual, seja na internet, seja no smartphone. E está conseguindo. O serviço é pouco conhecido do grande público, mas já conta com números invejáveis: são mais de 151 milhões de usuários em 180 países, o que o coloca como uma das maiores redes sociais do planeta. Ele cresce sem parar, inclusive no Brasil, seu maior mercado. O site registra, em média, 125 mil novos cadastrados a cada dia no mundo e obteve um faturamento de US$ 150 milhões em 2011.
Balada virtual: festa em São Petersburgo inspirou Andrey Andreev
a criar canal que funciona como um ponto de encontro online,
um serviço que faturou US$ 150 milhões em 2011.
“Representamos o próximo passo na evolução das redes sociais, ao quebrarmos a barreira entre o ambiente online e o offline”, disse à DINHEIRO Andrey Andreev, fundador do Badoo. A afirmação do empresário russo, que aparenta bem menos que seus 38 anos de idade, se deve ao fato de que, enquanto o Facebook e outras redes ajudam o usuário a manter contato com amigos e conhecidos, o Badoo serve para descobrir possíveis pretendentes que estejam nas proximidades. Caso o interesse seja mútuo, os pombinhos podem conversar via chat e, mais tarde, marcar um encontro pessoal. “Usamos a tecnologia para nos integrar à vida das pessoas, expandindo os círculos sociais”, afirma. A crescente exposição internacional do Badoo contrasta com o ar juvenil e o jeito discreto de Andreev.
Nos poucos eventos de internet de que participa, fala pouco e faz apresentações sucintas. Sem buscar os holofotes, Andreev vem construindo um dos negócios mais promissores da internet mundial. Embora tenha sido fundada há seis anos, a rede só adquiriu o formato atual em 2008, depois de uma viagem de Andreev a São Petersburgo, na Rússia. Foi ao andar pelas ruas da cidade que ele avistou uma fila enorme na porta de um lugar chamado “Telephone Cafe”. Ao entrar, viu que no recinto cada pessoa estava sentada em uma mesa diferente, com um telefone e um número. Os frequentadores olhavam ao redor e, se gostassem de alguém, ligavam para o número indicado. “Na hora percebi que aquele era um grande conceito para levar para a internet”, diz Andreev.
Equipe descontraída: fundada em 2006, a empresa mantém mais de 300 funcionários,
a maior parte deles na sede, em Londres.
A partir do fim de 2010, a rede chegou aos smartphones, com aplicativos para Android, iPhone e Blackberry, além de se integrar ao Facebook. Segundo Andreev, o futuro da plataforma está na mobilidade. O modelo de negócios do site não está baseado em anúncios publicitários ou mensalidades, práticas comuns entre os velhos sites de namoro. A receita é obtida com os usuários que pagam para ter destaque dentro da plataforma e visitar perfis anonimamente, por exemplo. “Fiquei impressionado com a maneira como o Badoo funciona e fascinado com o seu modelo de negócios”, disse recentemente Jimmy Wales, fundador da Wikipedia. O sucesso também chamou a atenção dos investidores de risco. Fundos proeminentes do Vale do Silício, como a Sequoia Capital e a Accel Partners, estão entre os que cortejaram a empresa e seu fundador.
“Andreev é um gênio e o Badoo, um fenômeno”, afirmou Kevin Comolli, sócio da Accel, que possui participação em empresas como Facebook, Groupon e Decolar. “Adoraria trabalhar com ele.” Apesar do assédio, a rede social fez sua única rodada de investimento em 2008, quando vendeu uma participação de 10% por US$ 30 milhões para o fundo russo Finjam.Aparentemente, o empresário não quer diluir sua participação na companhia. Apesar de o número global de usuários ser expressivo, o Badoo ainda não é muito conhecido nos mercados americano e inglês. Além do Brasil, a rede é forte em países como Espanha, França e México. Enquanto seu sucesso aumenta, uma legião de empreendedores tenta conquistar esse novo filão digital, que está sendo chamado de “descoberta social”. Há uma série de sites e aplicativos em projetos recém-lançados que aproximam desconhecidos, tal como faz o Badoo.
Um exemplo é a Airtime, fundada por Shawn Fanning e Sean Parker, que deve ser lançada em 5 de junho. Destacada no mercado digital, a dupla criou em 1999 o Napster, o site que permitia o compartilhamento de músicas na rede. Outros exemplos de concorrentes do Badoo são os aplicativos Highlight e Banjo. Até o próprio site de Mark Zuckerberg rendeu-se à tendência ao comprar a start-up Glancee, por um valor não revelado. Não é difícil entender o motivo de tanto interesse. Nas contas de Andreev e de alguns analistas, o mercado da “descoberta social” tem potencial para movimentar pelo menos US$ 50 bilhões globalmente por ano. Ainda é cedo para dizer se esse valor está adequado ou supervalorizado. Certo mesmo é que não vão faltar interessados em dividir essa bolada com o Badoo, que chegou primeiro e hoje domina o pedaço.
“Eu amo o Brasil”
O futuro do Badoo está nos dispositivos móveis, como os smartphones?
Os celulares inteligentes são muito importantes para nós. Tivemos quase dez milhões de downloads dos nossos aplicativos para iPhone e Android em menos de um ano, e vamos continuar a crescer. Um dos diferenciais do Badoo é a combinação do social com a geolocalização e os dispositivos móveis.
Como o sr. construiu uma empresa de US$ 2 bilhões tão rapidamente?
Não há fórmula secreta para essas coisas. É uma combinação de sorte e de conseguir as pessoas certas para acreditar em você e ajudá-lo a concretizar suas ideias.
O Brasil é o maior mercado para a empresa. Você tem planos para visitar o País?
Eu amo o Brasil. É um país muito lindo e as pessoas são tão calorosas e amigáveis. Não é nenhuma surpresa que vocês sejam uns dos nossos melhores usuários. Conheço o Rio de Janeiro, São Paulo e também Trancoso, na Bahia. Adoraria voltar em breve.
O que significa ser um milionário aos 38 anos?
Bem, eu acho que é melhor ser um jovem milionário que um velho. Brincadeirinha. Realmente me sinto feliz por ter alcançado esse sucesso.