i124541.jpg

 

Para os colecionadores de relógio existem dois tipos de máquinas: as que marcam o tempo e as que marcam época. A suíça Jaeger-LeCoultre, uma das mais tradicionais manufaturas do mundo, está prestes a lançar um produto com o objetivo de entrar nesse segundo rol. Trata-se do Hybris Mechanicha Grande Sonnerie, um relógio que demorou cerca de quatro anos para ser desenvolvido e que conta com alguns dos mecanismos de complicação – termo usado para designar as funções do modelo – mais avançados que existem.

Ele será vendido juntamente com outros dois modelos ícones da marca, o Gyrotourbillon e o Reverso a Tryptique, por US$ 3 milhões. “E para comprar é preciso pôr o nome em uma lista de espera”, diz Christian Hallot, embaixador da H. Stern, a representante da Jaeger- LeCoultre no Brasil. “Ele é visto como investimento”, explica. Por mais especial que seja, é difícil compreender o que torna uma peça de pulso tão cara.

“É preciso ter uma aula para saber usar todos os equipamentos”, diz Hallot. Para começar, ele conta com 26 mecanismos de complicação. O modelo possui, por exemplo, o Westminster Chimes, um badalo parecido com o dos relógios de parede; e o Grande Sonnerie, que toca a cada 15 minutos e a cada hora. Quem não quiser escutar o som, entretanto, pode apertar o botão Silent Mode, que o torna silencioso. A máquina também é dotada do Minute Repeater, que informa o horário por meio de badalos e ostenta até um calendário perpétuo que reconhece até os anos bissextos. Ou seja, uma vez carregado, não é preciso arrumar as datas nunca mais. O horário também é preciso.

O Hybris Mechanicha Grande Sonnerie possui o Flying Tourbillon, mecanismo preso em apenas um eixo do relógio que corrige os atrasos causados pela gravidade, e o Inertia Blocking, que não deixa o relógio acelerar e nem atrasar nos momentos de inércia – detalhe que regula até um quarto de segundo. Essa não é a primeira vez que um relógio chama a atenção tanto pelo número de mecanismos como pelo preço. “É uma forma de pôr a marca em evidência e criar o atributo aspiracional”, diz André Galiano, professor de branding da Faap.

Em 1933, o banqueiro americano Henry Graves Jr., notório colecionador de relógios, pediu à suíça Patek Philippe um exemplar de bolso único. Os artesãos da manufatura se debruçaram diante das pequeninas peças que compõem o coração da máquina e, depois de cinco anos ininterruptos trabalhando no modelo, entregaram-no a Graves.

Com 24 complicações e 900 partes, ele foi batizado com o nome do banqueiro e se tornou mundialmente conhecido por se tornar o exemplar mais caro da história. Em 1999, o Graves Supercomplication atingiu US$ 10 milhões em um leilão organizado pela Sotheby’s. Em 1989, a mesma Patek Philippe criou um exemplar em comemoração aos seus 150 anos de existência. Ele demorou nove anos para ser desenvolvido e foi batizado com o nome Calibre 89. Pesava 1,1 kg e ostentava 33 complicações. Foi vendido por US$ 5 milhões.

 

 

i124540.jpg

CALIBRE 89:

demorou nove anos para ser desenvolvido e ostentava 33 complicações. Alcançou US$ 5 milhões