Maior potência do comércio varejista de alimentos e eletrodomésticos do País, com uma rede de 1.810 lojas e previsão de faturamento de R$ 50 bilhões em 2011, o Pão de Açúcar também quer ser grande no comércio de medicamentos. Instaladas nas galerias externas de alguns de seus super e hipermercados, as farmácias, que funcionam quase todas com a bandeira Extra desde 2001, já somam 153 unidades. Como tudo ou quase tudo no Pão de Açúcar, os planos de crescimento no ramo de drogarias são ambiciosos. A companhia está de olho num setor que faturou R$ 17 bilhões em 2010 e vem crescendo a taxas de 20% ao ano, de acordo com a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Em 2012, serão abertos 25 novos pontos de venda, número que crescerá para 40 unidades a cada ano, a partir de 2013. Mais: cerca de metade das atuais unidades vão ser reformadas, dobrando o seu tamanho. 

100.jpg
“A expansão vai ocorrer de forma orgânica com a inauguração de supermercados”
Caio Mattar, vice-presidente Grupo Pão de Açúcar

Essas ações fazem parte de um plano de investimento de R$ 1,2 bilhão, que também inclui a compra de terrenos e a construção de supermercados e postos de gasolina. “A expansão vai ocorrer, principalmente, de forma orgânica, visto que o grupo tem planos de abrir entre 120 e 150 supermercados ou hipermercados a cada ano”, diz Caio Mattar, vice-presidente de negócios especializados do Grupo Pão de Açúcar à DINHEIRO. “Em 30% deles haverá drogarias.” A expansão do negócio de drogarias não está ancorada apenas na ampliação da rede de supermercados. Os planos de crescimento preveem a abertura de farmácias de rua. Atualmente, apenas duas delas estão fora do guarda-chuva do Pão de Açúcar. Em 2012, mais quatro pontos de rua serão inaugurados. Um deles será localizado no bairro do Tatuapé, em São Paulo, cujo imóvel já foi alugado. “Queremos estar nas ruas porque é mais uma oportunidade para o negócio”, diz Mattar.  

Enquanto uma parte da equipe da divisão de drogarias define quais os melhores pontos para locar ou comprar um imóvel, outra se debruça sobre o planejamento de reformas das unidades já existentes. Do total de farmácias da rede, 15 foram ampliadas desde o início do ano passado e outras 70 deverão dobrar de tamanho até o final de 2012. Em média, uma drogaria do grupo  no formato antigo tem 65 metros quadrados de área. Com mais espaço, o número de produtos oferecidos chegará a 8,5 mil,  dois mil a mais do que o mix atual. O reforço ocorrerá, sobretudo, em higiene e beleza. “É compreensível, visto que as vendas desses itens têm crescido mais no canal de drogarias”, diz Olegário Araújo, diretor de atendimento da consultoria de mercado Nielsen. 

 

101.jpg

 

 

No primeiro semestre de 2011, as redes de farmácia brasileiras faturaram R$ 2,8 bilhões com as vendas de não medicamentos (além de cosméticos, essa categoria inclui perfumes e produtos de nutrição), um crescimento de 27,6% em comparação ao mesmo  período de 2010, de acordo com dados da Abrafarma. Uma das apostas das farmácias Extra é a venda de dermocosméticos, como são conhecidos cremes para a pele, de marcas como L’Oréal e Loccitane, com apoio de consultoras de beleza, em modelo similar ao das concorrentes do setor. “No nosso caso, elas não são terceirizadas como na maior parte das farmácias”, diz Eduardo Adrião, diretor da unidade de drogarias do grupo. “Queremos criar uma relação de fidelidade entre a consultora e o cliente.” De acordo com ele, o acréscimo de serviços e itens nas prateleiras provocou um aumento de vendas da ordem de 40% nas 15 unidades já reformadas.

 

O setor de farmácias passa por intensa consolidação neste ano, quando dois grandes negócios praticamente reformataram o segmento. O primeiro deles foi a fusão da Droga Raia com a Drogasil, no início de agosto. Logo em seguida, foi a vez da união da Drogaria São Paulo com a Drogaria Pacheco, no fim do mesmo mês. A Brazil Pharma, holding do BTG Pactual, negocia também a compra de redes na Bahia, em Minas Gerais e no Pará. Além disso, os principais concorrentes do grupo Pão de Açúcar, como o Walmart e o Carrefour, contam com farmácias em seus supermercados. “O maior desafio é imobiliário”, afirma Araújo, da Nielsen. “Encontrar terrenos e locais viáveis definirá o ritmo de expansão.” 

 

102.jpg