22/09/2004 - 7:00
Eles passaram por guerras, resistiram a regimes políticos, atravessaram sucessivos pacotes econômicos e saíram ilesos de crises mundiais como o choque do petróleo de 1973. O Polvilho Granado, de 1903, e o sabonete Phebo, de 1930, se tornaram casos de estudo na história da construção de marcas e símbolos de vida longa nas prateleiras. ?A Phebo e a Granado são rótulos que resistiram ao tempo e conseguiram manter-se no mercado?, diz Ana Accioly, autora do livro Marcas de valor no mercado brasileiro, da editora Senac Rio. A novidade é que agora elas andam de mãos dadas. No início do ano, a Granado Laboratórios comprou a Phebo e prepara uma revolução no mais antigo sabonete do País. ?Vamos resgatar as origens da linha Phebo?, diz Christopher Freeman, presidente da empresa que fatura R$ 100 milhões por ano. A embalagem foi remodelada, uma ampla campanha publicitária está sendo preparada e, o principal, a fragrância original retornará.
A missão da Granado Laboratórios é resgatar os tempos áureos da marca e disputar com mais força um mercado que movimentou R$ 1,2 bilhão em 2003. A julgar pelo histórico da marca, não é mera pretensão. Houve um tempo em que os produtos Phebo eram símbolos de sofisticação, disputavam a preferência entre os consumidores com maior poder aquisitivo e faturavam US$ 80 milhões. Hoje, a marca é uma fração do que já foi. Com o passar dos anos, a Phebo foi comprada por gigantes como Procter & Gamble e Sara Lee, a essência original se perdeu, e o faturamento caiu para R$ 36 milhões. Para ganhar mercado novamente, os executivos da Granado trarão de volta o odor que transformou Phebo em sinônimo de excelência.
A ponta de lança dessa estratégia é a contratação do perfumista Renato Salvi. Com mais de 30 anos de experiência na criação de fragrâncias, Salvi é um dos únicos que conhecem a fórmula original do sabonete. Motivo: o criador da marca, o português Mario Santiago, desenvolveu o perfume do Phebo até 1980. Depois disso, resolveu terceirizar a fabricação da fragrância. ?Na época, ele contratou a empresa em que eu trabalhava?, diz Salvi, hoje perfumista da francesa Mane que trabalhará em parceria da Granado. ?Criamos o perfume e ele aprovou.? Agora, é Freeman quem dá o sinal verde. ?Estamos investindo R$ 30 milhões em uma nova fábrica e iniciamos as exportações para os Estados Unidos?, diz ele. Não é certeza de sucesso, mas a iniciativa cheira bem.