O paulista Jair Ribeiro é um daqueles homens de negócios difíceis de se encaixar em uma definição: banqueiro de investimentos, empresário e financiador de atividades sociais; todas essas definições cabem em sua biografia. 

 

Na semana passada, o advogado e economista anunciou sua entrada no capital do Banco Indusval, instituição financeira paulista de médio porte,  especializada em crédito para pequenas e médias empresas. 

 

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Novos sócios
Da esquerda para direita:
Cintra Neto, Ribeiro, Masagão e Goeyequerem crescer no mercado de títulos corporativos

 

A meta é avançar além dos empréstimos e participar do ainda incipiente mercado de papéis privados de empresas. ?O futuro do Brasil se chama renda fixa. E queremos estar preparados para isso?, diz Ribeiro. ?Em vez de tomar crédito, podemos vender crédito de quem toma.?

 

Esse movimento é uma volta às origens. Nos últimos tempos, Ribeiro vinha atuando no setor de  tecnologia da informação. Sua incursão mais recente havia sido a empresa de sistemas de gestão CPM Braxis, criada em 2006, e vendida para o grupo francês Capgemini, em 2010, por R$ 517 milhões. 

 

Também é um dos fundadores da Casa do Saber e co-coordenador da ONG Parceiros da Educação. No entanto, o ponto forte de seu vasto currículo é o mercado financeiro. Fundador do banco Patrimônio na década de 1980, ele vendeu a instituição em 1999 para o Banco Chase Manhattan Brasil, incorporado mais tarde pelo JP Morgan. 

 

Ribeiro não esconde a empolgação com o novo negócio, no qual investiu R$ 30 milhões do próprio bolso. Sua grande aposta é o mercado de títulos corporativos que, ao seu ver será uma das atividades principais do banco nos próximos três anos. ?Deverá representar de 30% a 40% da carteira do Indusval?, afirma Ribeiro. 

 

A entrada no Indusval será concretizada por intermédio da empresa de importação e exportação Sertrading, da qual, ao lado de Alfredo de Goeye, é sócio desde 2005. Lá, Ribeiro já fazia operações de Cédulas de Produto Rural (CPR) ? a carteira atual é de R$ 35 milhões. ?Esse é um mercado enorme e a gente não crescia mais por falta de capital?, diz. 

 

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O banqueiro chegou a cogitar a criação de um novo banco, mas seus planos mudaram durante uma festa de casamento. Ele encontrou um velho conhecido do mercado financeiro, o ex-presidente da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), Luiz Masagão, que também é sócio do Indusval. 

 

Ao conversar, Ribeiro e Masagão concluíram que seus negócios eram complementares. ?Foi por coincidência, mas encontramos um parceiro cuja estratégia se casava perfeitamente com a nossa?, diz outro ex-presidente da BM&F e também sócio do Indusval, o banqueiro Manoel Félix Cintra Neto.

 

Após o arranjo, Cintra Neto passará a ser presidente do conselho de administração do Indusval. Ribeiro e Masagão serão copresidentes do novo Indusval & Partners. 

 

A intenção dos sócios é que a Sertrading possa trazer novos clientes para o banco. A empresa tem vínculos com toda a cadeia de comércio exterior e os empresários desse setor são ávidos consumidores de empréstimos. 

 

Importadores e exportadores são bons clientes. Em dez anos de existência, segundo Ribeiro, nunca houve um caso de inadimplência. Em 2010, o total de negócios da Sertrading somou R$ 1,6 bilhão. 

 

As metas são ambiciosas. ?Em cinco anos, queremos ser líderes no mercado de capitais de renda fixa e entre os bancos médios?, diz Cintra Neto. Para isso, o banco não conta apenas com o dinheiro de Ribeiro. 

 

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O Indusval recebeu uma injeção de capital de R$ 150 milhões do fundo americano Warburg Pincus, um dos maiores gestores de private equity do mundo.

 

Os atuais controladores ? Cintra Neto, Masagão e Carlos Ciampolini ? entrarão com outros R$ 30 milhões, e também haverá uma oferta de ações a acionistas minoritários, que poderão subscrever até R$ 88 milhões. 

 

À primeira vista, o anúncio foi bem acolhido pelos investidores. As ações do Indusval subiram 9,4% na terça-feira 22, com as especulações de que o negócio seria anunciado. Até a segunda-feira 21, a valorização dos papéis no ano era de 0,62%. 

 

Trata-se de uma boa notícia para os sócios, pois o Indusval, que abrira capital em 2007, viu desde então seu valor de mercado encolher de R$ 525 milhões para R$ 319 milhões. 

 

?Ribeiro pode agregar valor para o banco e será importante para sua continuidade?, diz Erivelto Rodrigues, presidente do grupo Austin.

 

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