Se você não mora no Rio de Janeiro ou em Londres, talvez nunca tenha ouvido falar da Devassa. Quem? Não se trata de alguém, e sim de algo. É a cerveja carioca da gema que começa a se espalhar por outros cantos. Exportada para a Inglaterra, disponível em 15 selecionados pubs londrinos, ela atraiu o interesse até da Alemanha. No final do mês São Paulo receberá seu primeiro Bar Devassa fora do Rio, onde já existem seis unidades. O endereço paulistano, no elegante bairro dos Jardins, é resultado de um investimento de R$ 700 mil. É o que se poderia chamar de ?pé limpo?, em oposição aos clássicos ?pés sujos?, os simpáticos botequins da terra de Tom e Vinicius. É um fenômeno comercial, capaz de misturar o charme e irreverência das praias à qualidade. ?O nosso público é sofisticado, apreciador das melhores cervejas do mundo?, diz Cello Macedo, um dos sócios. ?Por isso a idéia é manter em São Paulo o foco na marca, não no volume, para não perder o caráter artesanal e exclusivo do produto?. É exclusividade já volumosa. São 240 mil litros por ano. A fábrica no bairro do Santo Cristo, no Rio, é capaz de produzir 1 milhão de litros anuais ? pouco, se comparado ao mercado brasileiro, de 90 bilhões de litros, mas respeitável em se tratando de rótulo pequeno. ?Trabalhamos com a imagem que remete ao cotidiano carioca?, diz Marcelo do Rio, parceiro da empreitada. ?A Devassa é irreverente, gostosa e tropical?.

O fascinante é ter conseguido espaço em um terreno vigoroso, de muita competitividade, em que gigantes como a Ambev e a Schincariol se impõem, em um mercado de R$ 19 bilhões. O crescimento da Devassa, e de outros fabricantes modestos como a Baden Baden, de São Paulo, e a Borck, de Santa Catarina, produzem um curioso efeito econômico: de 1995 para cá, a participação das pequenas passou de 1,5% para 10,2%, com a produção de 9,2 bilhões de litros por ano. ?Elas são mais representativas no nicho das cervejas de alta qualidade, vendidas a preços acima da média?, diz Luciano Fonseca Filho, analista de mercado. É notícia para se brindar, especialmente porque levam às prateleiras e às mesas rótulos saborosos. No caso da Devassa, pode ser a ?Loura?, do tipo pilsen, leve e refrescante; a ?Ruiva?, do gênero ale, encorpada e com sabor mais complexo e a ?Negra?, da família dark ale, cremosa e amarga, com sutil aroma de café. A Devassa quer se exibir. São Paulo pode ser a plataforma ideal.