13/03/2013 - 21:00
Há uma crescente e justificável preocupação com os rumos da economia argentina. De uns tempos para cá, o medo de que o país entre novamente em moratória e promova calotes de toda ordem – a exemplo do que fez no passado – se intensificou. Nações parceiras e observadores internacionais já precificaram esse risco e iniciam agora um movimento nada discreto de retirada de suas apostas daquele mercado. O primeiro a adotar essa postura foi os EUA, que exigiram recentemente o pagamento à vista para aqueles credores que não aceitaram a reestruturação da dívida do país latino. Em 2002 a Argentina havia deixado de honrar com a dívida soberana devido à profunda crise (mais uma) que enfrentava na ocasião.
É essa a conta vencida que está em questão e os americanos querem a quitação imediata dos títulos em default, temerosos de que novos compromissos sejam deixados em atraso por falta de recursos. Em ação paralela, dezenas de grifes internacionais estão fechando suas lojas e abandonando a terra de Cristina Kirchner por receio de prejuízo. Com as estatísticas e números oficiais deliberadamente maquiados por orientação da presidenta, a desconfiança sobre a saúde financeira interna ganha espaço. Cansadas das sucessivas quebras de contrato e mudanças oportunistas de regras no comércio bilateral, muitas empresas brasileiras também decidiram tomar o rumo de volta para casa. Estão revendo seus negócios naquela praça ou caindo fora.
Quando não, congelam investimentos e planos de expansão para lá. O coquetel nefasto de defasagem cambial, limitações à remessa de lucros e operações-padrão nas fronteiras – atrasando e até comprometendo as exportações de mercadorias – têm levado essas companhias brasileiras ao limite da paciência com a Argentina. A ameaça em bola de neve provocada pelo esvaziamento de tantos projetos pode acelerar o processo de falência daquela economia. Uma possibilidade que não interessa a ninguém, muito menos aos brasileiros que poderiam sofrer, por tabela, graves consequências – inclusive de imagem diante dos investidores globais. O caminho de incentivo ao consumo, regras claras e cumprimento das obrigações deve ser rapidamente perseguido pela senhora Kirchner antes que lhe falte o oxigênio do capital e acabem as saídas.