O volume médio diário negociado na Bolsa cresceu 12,8% até 17 de outubro na comparação com setembro. Analistas de mercado atribuem parte dessa alta à montagem de posições especulativas sobre o segundo turno das Eleições. Mas o risco dessa especulação é alto para investidores despreparados para operar no daytrade, as operações de compra e venda no mesmo dia na Bolsa.

Estudo coordenado pelos professores Fernando Chague e Bruno Giovannetti da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV) mostra que 91% das pessoas físicas que fizeram daytrade durante um período de 300 dias tiveram prejuízo. Apenas 0,8% tiveram lucro superior a R$ 300 por dia. “O grande problema é que o daytrade é uma especulação de ganho zero, se alguém ganhar, outro terá que perder”, afirmou Fernando Chague.

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Ele disse acreditar que as grandes corporações conquistam melhores resultados que o investidor pessoa física no daytrade, visto que possuem uma estrutura maior. “Enquanto a pessoa física está sozinha, as grandes empresas possuem uma equipe para ver as notícias e definir o que vai mexer com mercado”, afirmou.

PERDA TOTAL

Foi em meio às promessas de ganho fácil que o engenheiro Julio Chartone deixou sua empresa de lado para virar trader. No entanto, o daytrade virou um “vício” e sua esposa teve que bloquear o cartão para ele não se afundar mais. “Eu acabei perdendo tudo, tive problemas financeiros e fiquei até com depressão”, disse. “Depois de trabalhar com o Uber, eu decidi que queria voltar para o mercado financeiro, estudei e hoje sou analista técnico CNPI”, afirmou.

Além de Chartone há diversos outros relatos de investidores que perderam dinheiro com daytrade, pessoas que pediram anonimato à DINHEIRO. Para o diretor de renda variável da Acqua Vero, Alexandre Jung, as perdas servem de alerta. “O patrimônio construído em 10 anos não será triplicado em seis meses, não existe nenhuma fórmula mágica”, afirmou.

Para o analista da Terra Investimentos Régis Chinchilla, o investidor deve buscar ajuda profissional. “O ideal é que as pessoas não comecem a operar sem conhecimento da exposição aos riscos que estão correndo”, disse.

“Tem gente que é viciado em jogo, em bebida. Eu fui me viciar em daytrade e acabei perdendo tudo”, Júlio Chartone, 53 anos, engenheiro e analista CNPI