25/03/2013 - 13:41
A palavra de ordem é atrair capital e, para tanto, a pororoca de incentivos não para de avançar. Na nova onda, as regras para as concessões dos projetos de rodovias foram revistas. Nessa empreitada, de uma toada só os prazos de financiamento foram elevados de 20 para 25 anos, os juros, cortados e as taxas de retorno, ampliadas – a rentabilidade sobe em média de 10% para 15% nas principais obras. Além disso, as concessões se estenderão agora por 30 anos. Está mais do que claro que a pedra de toque da economia atualmente é a retomada dos investimentos e as autoridades estão convencidas disso.
A remodelagem dos leilões de concessões de estradas – que devem gerar negócios da ordem de R$ 370 bilhões – deve se repetir em várias outras empreitadas previstas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Essa busca incessante por motivações aos empreendedores deixa claro que sem a parceria e o engajamento da iniciativa privada, o PAC – e por tabela a economia brasileira como um todo – não sai do estágio de paralisia que foi a tônica de 2012. A equação financeira favorável às empresas deve ajudar a mudar a percepção de investidores nesses e em novos planos de obras públicas.
O Programa de Investimento em Logística lançado pela presidenta Dilma Rousseff em agosto do ano passado inclui não apenas rodovias e ferrovias, como também silos, portos, aeroportos e linhas de transmissão de energia. Na área de aeroportos – urgentes inclusive pela proximidade da Copa –, estão sendo previstos recursos que ultrapassam os R$ 34 bilhões. Outros R$ 91 bilhões serão reservados a ferrovias e mais R$ 54 bilhões aos portos. Os números sonoros levaram o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e sua equipe a montar um road show de apresentação das perspectivas brasileiras. Farão escala em Nova York, Londres e diversas outras praças do mundo.
Como caixeiro viajante do produto Brasil, Mantega e seu time acreditam que este é o momento ideal para a captação, em virtude, inclusive, da retomada do crescimento e abrandamento da crise nos Estados Unidos e em países europeus. Faz parte dessa cruzada as negociações corpo a corpo com os bancos para o financiamento das obras de infraestrutura. Mantega esteve, na semana passada, em reuniões fechadas com as principais instituições – Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, HSBC, Citibank e Safra, além do Banco do Brasil e da Caixa – para dobrar resistências. O reforço de crédito é a mola de alavancagem do processo e a expectativa é de que ele aumente algo da ordem de 15% a 17% neste ano.
Apenas o suporte do BNDES não será suficiente para os desafios que se vislumbram pela frente. A receptividade tem sido razoavelmente positiva. Banqueiros responderam a Mantega que vão se empenhar para trazer liquidez de crédito, embora aleguem não possuir a mesma capacidade de funding como a de organizações públicas, tal qual o BNDES, para o setor de infraestrutura. Investidores estrangeiros presentes a uma das primeiras apresentações públicas de Mantega sobre o assunto, na semana passada, alertaram que o Brasil está atrasado nessa busca de investimentos estrangeiros quando se compara, por exemplo, ao trabalho feito pelo México nesse sentido. O fato é que está claro, agora, que a corrida é contra o relógio.