14/03/2007 - 7:00
STEVEN SPIELBERG Na fotomontagem, o cineasta surge com a tela roubada Sala de aula russa, de Rockwell
A vida real, definitivamente, esconde mais surpresas do que qualquer roteiro de cinema. Isso, pelo menos, vale para o diretor americano Steven Spielberg, responsável por sucessos como E.T. o extraterrestre, A lista de Schindler e outros clássicos. Da mesma forma como Frank Abganale Junior, o personagem golpista retratado por Spielberg no filme Prenda-me se for capaz (2002), o cineasta virou notícia nos corredores do FBI. Descobriu-se que dono de uma estatueta do Oscar pelo filme O Resgate do Soldado Ryan tinha na sua coleção de obras de arte um quadro roubado. A notícia caiu como uma bomba e espalhou-se rapidamente. A tela em questão é a ?Sala de Aulas Russa?, um óleo sobre tela do ilustrador e pintor americano Norman Rockwell (1894-1978), que havia sido surrupiada em 1973 durante uma exibição na cidade de Clayton, no estado do Missouri. Na época, a obra valia US$ 25 mil e hoje seu valor é estimado em US$ 700 mil. Foram mais de três décadas sem uma pista sobre o seu paradeiro até que os próprios funcionários de Spielberg avisaram o FBI.
Tudo isso aconteceu porque os agentes da polícia federal americana puseram a foto do quadro na lista de obras desaparecidas em sua página na internet. Ao saber da história, Spielberg pediu para que os seus funcionário entrassem em contato com as autoridades e dessem todo o suporte necessário. Afinal, Spielberg também havia entrado de gaiato na história. O cineasta comprou a obra de Rockwell, que retrata um grupo de crianças na sala de aula olhando para um busto de Vladimir Lenin (1870-1924), de um marchand em 1989. Ou seja, 16 anos após o roubo. O assunto trouxe à tona uma indagação recorrente para quem investe em obras de arte. Como saber a procedência e autenticidade de uma peça? ?A primeira atitude é ficar de olho na página do FBI na internet?, diz Eduardo Stadnik, consultor em leilões. ?Ali estão quase todas as obras de arte roubadas e desaparecidas.? O segundo ponto crucial é comprar apenas em galerias e casas de leilões. ?Nesses casos, as vendas são públicas, nada é feito as escondidas e a empresa se responsabiliza pelo que põe à venda?, diz Soraia Cals, dona da galeria que leva o seu nome. É, no mínimo, uma forma de fugir de um roteiro fadado à tragédia.