O CACHORRO DA RAÇA PITBULL não goza de uma boa reputação. Também pudera, o animal é protagonista de diversos incidentes mortais envolvendo crianças e idosos pelo Brasil afora. Por conta disso, cabe uma pergunta: Você estamparia a imagem desse bicho em algum produto? O empresário paulistano Marcelo Leitão, de 41 anos, responde que sim. Tanto que ele criou a grife Red Nose (nome de uma variedade de pitbull), em 1997. A marca virou febre entre adolescentes de classe média e hoje estampa itens tão diversos quanto tênis, chinelo, bermuda, meia, camisa, cueca, bicicleta, carvboard (uma espécie de skate) e alto-falante de automóvel, vendidos em 50 mil lojas espalhadas pelo País. No total, eles garantem uma receita anual de R$ 150 milhões na ponta do varejo. Os produtos são comercializados no sistema de licenciamento por empresas de renome, como Lupo e Grandene. ?Meu pitbull é manso e não morde ninguém?, defende-se o empresário. Segundo Leitão, a escolha do nome teve como objetivo transmitir a idéia de força e determinação, aspectos muito valorizados pelos praticantes de esportes radicais como ele. ?A Red Nose conseguiu isolar os atributos negativos do animal, graças à identificação com algumas tribos urbanas?, opina o consultor Augusto Nascimento, especialista em gestão de marcas.

Polêmicas à parte, o certo é que Leitão desenvolveu um modelo bem-sucedido de negócio. Com uma equipe de apenas sete pessoas, ele embolsa R$ 12 milhões em royalties por ano. O risco é praticamente zero já que os contratos têm cláusula de remuneração mínima e a produção fica a cargo dos parceiros. ?Meu salário é maior que o de muitos executivos de multinacional, com a vantagem de que eu faço somente o que gosto?, gaba-se. Seu objetivo agora é repetir o sucesso da Red Nose no Exterior. Para isso, assinou acordo com a CPL, empresa que cuida dos personagens da Warner Bros. na América Latina. Além disso, o dono da Red Nose visitará escritórios de licenciamento nos Estados Unidos. As reuniões devem acontecer durante a Licensing International Expo, que começa em 11 de junho, em Nova York.

O empresário também pretende usar o mundo da Sétima Arte como ponta-de-lança para divulgação gobal de sua grife. Leitão já conseguiu autorização para captar os R$ 4,5 milhões necessários para produzir um filme de animação futurista em parceria com a Oca Filmes. A história, passada em 2078, conta a saga de um (adivinha!) homem-cachorro.