17/11/2000 - 8:00
Entusiasmado com os R$ 3 bilhões que o mercado de artigos esportivos movimenta por ano no Brasil, o grupo francês Decathlon, um dos 10 maiores varejistas desse ramo no mundo, resolveu desembarcar no País. E com muita pompa. Inaugura no ano que vem uma loja de cerca de 6 mil metros quadrados em São Paulo, recheada de bolas, bicicletas, camisetas, equipamentos de ginástica e tudo o que um bom estabelecimento do gênero oferece em Paris ou nos Estados Unidos. Será a maior loja do tipo no Brasil, superando inclusive os 2,3 mil metros quadrados do espaço que a brasileira Centauro inaugurou recentemente no Shopping West Plaza. O local do projeto da Decathlon ainda é mantido em sigilo. A nova loja faz parte dos planos de expansão dos negócios do grupo fora de seu continente. É a única forma de crescer, já que o mercado europeu está cada vez mais saturado. ?Em outubro do ano passado adquirimos as 19 megastores da norte-americana MVP nos Estados Unidos?, disse à DINHEIRO Maxence Brachet, diretor de relações estrangeiras da Decathlon.
Atualmente, o grupo francês possui 252 lojas de 4 mil, 6 mil ou 8 mil metros quadrados espalhadas pela França, Itália, Espanha, Portugal, Alemanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Dinamarca, Estados Unidos e Argentina. Os franceses da Decathlon sondaram primeiro o mercado portenho, a partir de 1995, para depois iniciar a invasão do outro lado da fronteira. ?Os negócios em Buenos Aires estão indo muito bem?, diz Brachet. Com um faturamento de US$ 1,8 bilhão anual, a Decathlon tem motivos para manter discrição sobre seus planos no Brasil. Enfrenta lá fora a acirrada concorrência de grupos norte-americanos como o Intersport, que possui 4 mil lojas em 25 países. Como o mercado brasileiro é praticamente virgem em pontos de vendas de grande porte nesse ramo, todo cuidado é pouco.
Fundada pela família Leclerq em 1976, a Decathlon não se limita apenas a vender artigos. Produz também muitos mercadorias, como as bicicletas Decathlon. Parte da produção vem da Ásia, principalmente da China, onde possui algumas lojas de descontos, os chamados outlets. ?Somente em bicicletas, fabricamos cerca de 900 mil unidades por ano?, ressalta Brachet. Na França, cerca de 50% das vendas das lojas da marca são de artigos próprios. O percentual que eles vão atingir no Brasil ainda é um incógnita. Depende dos acordos com os fabricantes de artigos esportivos daqui, que atendem as encomendas de grandes marcas como Rainha, Penalty, Olympikus e Nike.