O mercado brasileiro de componentes automotivos deve movimentar mais de R$ 200 bilhões em 2023. A projeção é do Sindipeças e, se confirmada, representará ao menos 6% de alta na comparação anual, além de reafirmar o movimento ascendente do setor que, em 2021, apresentou receita líquida de R$ 176,1 bilhões. As montadoras devem responder por 66,1% das vendas das autopeças, contra 65,1% de 2022, enquanto o mercado de reposição terá a participação ampliada de 18,4% para 19,4%. As exportações serão responsáveis por 10,1% e os negócios intrasetoriais, por 4,5%. Uma prévia do aquecimento do setor ficou evidente na Automec, a maior feira dedicada ao aftermarket automotivo da América Latina, encerrada no último dia 29 de abril, em São Paulo.

O evento B2B é dedicado ao setor de reparação e reposição de autopeças e não era realizado desde 2019, por causa da pandemia. E a espera parece ter valido a pena. Nos cinco dias, os negócios alcançaram R$ 29,5 bilhões, R$ 4,5 bilhões acima do previsto pela RX, organizadora. O número de marcas expositoras chegou a 1,5 mil, montante 25% maior ao do período pré-pandêmico. “Ao menos 70 empresas ficaram de fora devido à lotação do espaço”, afirmou Luiz Bellini, diretor de portfólio da RX. “Na próxima edição, em 2025, 25% dos espaços já estão reservados.” Foram 105 mil m² este ano, área que deve chegar a 120 mil m² levando em conta anexo a ser construído no setor externo.

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25% dos espaços do São Paulo Expo já estão reservados para a edição 2025, que terá 120 mil metros quadrados de área

Do total de expositores, 450 representaram 12 países distribuídos em sete pavilhões internacionais. Foram mais de 90 mil visitantes únicos (20% acima da última edição). Segundo a organização, as pessoas vieram de todas as regiões do Brasil e de 60 países. “O mundo enxerga a Automec como uma grande porta de entrada para o mercado de reparação e reposição automotiva no Brasil”, disse Bellini. Além de maior participação de empresas estrangeiras, o diretor destaca outras importantes transformações na indústria do segmento desde a edição 2019 da feira. “Sentimos uma mudança no mercado automotivo pela adoção de novas tecnologias, a entrada, por mais que ainda seja nicho, do carro elétrico e da eletrificação como um todo e da vontade cada vez maior do brasileiro em ter tecnologia acoplada ao veículo”, afirmou.

Bellini citou uma importante especificidade no setor de reparação e reposição: “Ele cresce na pujança econômica e ele cresce na crise econômica”, disse. O motivo? “Quando se vende muito carro, vai mais peça e cresce o mercado. Na crise vende menos carro, mas você passa a cuidar melhor do que possui. Então, passa a ter mais serviço, mais peças, mais manutenção.” A feira mostrou isso. E os consumidores, ao que tudo indica, também.