Sunami Chun, de 27 anos, é facilmente confundido com alguém que gosta de jogos de computador. Ele é capaz de passar horas conversando sobre o tema que conhece em profundidade. A vantagem de Chun sobre outros da sua geração é que ele transformou uma diversão numa fonte de receita e um negócio em crescimento. Filho de coreanos, o jovem é dono da rede de casas Monkey, um fenômeno no rarefeito mercado de cybercafés que fecham as
portas a cada dia nas grandes cidades por falta de clientes e
custos elevados. A Monkey é um cybercafé na sua essência, mas seus clientes não têm café à disposição. Passam horas sentados à frente do computador disputando partidas na internet com outros apaixonados por jogos de computador. É um modelo de negócio que em menos de cinco anos saiu do nada para um faturamento de
R$ 7,8 milhões em 2003, incluindo a rede de franqueados.

O fundador da Monkey espalhou a sua marca em 35 lojas. Outras quinze estão na fila para abrir as portas nos próximos meses. ?No início nos confundiam com uma casa de videopôquer, fliperama ou cybercafé, mas provamos que somos uma casa de jogos de computador pela internet?, afirma Chun, mais conhecido pelos amigos como ?The Monkey?. Quem quiser entrar em uma das lojas e pagar
R$ 3 por hora pode se conectar à internet para navegar ou enviar e-mails, mas é um cliente raro. Quem está lá quer se divertir e jogar com amigos do PC ao lado ou até mesmo em outro país.

As diferenças entre os dois modelos são grandes. Enquanto um cybercafé com 20 máquinas fatura R$ 12 mil por mês, uma unidade da Monkey, que tem o dobro de PCs, tem uma receita de R$ 32 mil, cobrando a metade do valor por hora dos concorrentes. ?A Monkey é um fenômeno. Não sei como eles conseguem ganhar dinheiro?, diz Valter Callegari, sócio da Kiosknet, que tem três lojas em shoppings em Santos e em São Paulo. Há algumas respostas para essa questão. A primeira delas é a disposição das lojas da Monkey. Nenhuma fica em shoppings, onde o valor do aluguel pode inviabilizar um negócio. A Monkey também funciona por quase 24 horas. Abre às 9 da manhã e fecha às 6 do dia seguinte. Outra parte da estratégia é a localização do ponto. Em São Paulo, sempre ficam perto de alguma McDonald?s ou de uma locadora Blockbuster.

Chun tomou essa decisão após tentar contratar uma empresa especializada em geoprocessamento de negócios. Como não tinha dinheiro não fechou o contrato, mas soube que entre os clientes dessa companhia estavam as duas empresas americanas. ?Não foi difícil escolher os locais?, afirma Chun. Para montar o negócio no Brasil em 1998, ele usou as economias da mãe. ?Todos me chamavam de louca, mas eu acreditei?, diz a mãe Sang Mi Chan, diretora financeira da Monkey. O modelo acabou sendo copiado por empresas que hoje concorrem com a Monkey. A época de ouro acabou, admite o próprio Chun. Mas ele tem outros planos. Na semana retrasada, regressou de uma caravana de jogos por lan houses em Los Angeles, São Francisco, Nova York e Boston. Interessados na Monkey, investidores pretendem testar o modelo no mercado americano, o maior do mundo em jogos de computador. ?Não existem locais com o mesmo conceito que o nosso por lá?, diz Chun. Como já aprendeu sua mãe, é melhor deixar ele jogar.