Pergunte ao empresário Sérgio Milano, dono da Livraria e Editora Nobel, qual sua principal atividade. A resposta previsível seria: ?Eu sou livreiro.? Em vez disso, ele afirma: ?Sou franqueador.? Nos últimos dois anos, Milano dedicou-se a montar uma espécie de cesta de marcas em diversos setores. De posse delas, colocou em ação um ambicioso plano de expansão, cujo principal alimento será o modelo de franchising que transformou a Nobel na maior rede de livrarias do Brasil. A primeira grife incorporada foi a Benedixt, uma loja de móveis e artigos de decoração com design arrojado e descolado. Depois, veio o Vanilla Caffe, que, além de cafés especiais, serve refeições leves e uma seleta carta de vinhos. Em setembro, um novo ?sócio? será admitido nesse clube, a Zastras, que venderá brinquedos adequados a cada faixa etária em lojas especialmente decoradas para crianças. Em todas essas iniciativas, o dono permanece no comando dos negócios. A Nobel entra com parte do dinheiro necessário para a expansão e com seu conhecimento na área de franquias.

Antes de se lançar ao mercado, Milano testou o remédio em seu próprio negócio. Anos atrás, o logotipo da Nobel estava fincado em 20 lojas, todas próprias. As próximas etapas para expansão exigiriam muito dinheiro. A saída foi o franchising. As 20 lojas foram transformadas em franquias. O resultado: nelas, as vendas subiram 20% e a rentabilidade, 30%. Hoje, dos 150 pontos da rede, apenas um tem a família Milano como sócia. O gigantismo trouxe um desafio. Como manter as taxas de expansão em alta? A empresa traçou dois caminhos: a expansão internacional e a multiplicação de marcas, com a utilização do modelo de franquia da Nobel. No primeiro caso, a Nobel elegeu parceiros na Espanha, Portugal, Angola e México. Em 2007, pretende desembarcar nos Estados Unidos.

Para a segunda frente de crescimento, estabeleceu uma série de mandamentos. Um: o novo negócio deve ter uma marca forte, como a Benedixt, ou um conceito inédito, a exemplo da Zastras. Dois: precisa também apresentar potencial suficiente para a abertura de 100 lojas. Três: em alguns anos, seu faturamento deverá atingir algo entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões. A quarta regra é aquela que Milano considera a mais importante. Uma nova empresa é criada, tendo como sócios Milano e o dono do negócio, que obrigatoriamente se mantém à frente da operação. ?Ele entra com a marca e eu dou casa, comida e roupa lavada?, brinca o empresário. A vantagem é que a nova companhia nasce com custo baixíssimo. Os softwares das lojas e de compras são os mesmos da Nobel, que também adapta seus manuais de franquia e os cursos de treinamento para os franqueados. Os contratos só precisam de pequenas alterações. ?Temos tudo pronto e, portanto, o custo de implantação da franquia torna-se ínfimo.?

O caso da Benedixt ilustra bem a situação. A Benedixt Franchising terá apenas dois profissionais trabalhando exclusivamente para ela. Hoje, já há oito novas lojas da marca sendo abertas por franqueados. O investimento bateu em R$ 500 mil. Essa primeira fase de expansão consumiu um ano de trabalho. Se pusesse esse plano em marcha com recursos próprios, a Benedixt precisaria de 3 a 4 anos de trabalho e de R$ 5 milhões de investimento. Com as quatro marcas no portifólio, Milano deu os passos iniciais para a formação de um grupo de investimento em franquias. O passo seguinte será atrair a atenção de um fundo de private equity e, num prazo de oito a dez anos, ir às bolsas de valores. A cada ano, 20 novos pontos-de-venda serão inaugurados, o que significará um acréscimo de 20% ao faturamento de R$ 150 milhões da Nobel. ?O franchising é a solução para o crescimento empresarial num país sem crédito?, avalia Milano.

QUARTETO FANTÁSTICO
As quatro marcas do fundo da Nobel


Rede de livrarias possui 150 pontos-de-venda no País


Loja de objetos de decoração destaca?se pelo design arrojado


Coffee shop que serve cafés especiais abrirá seis pontos em 2007


Novo conceito de loja de brinquedos, será inaugurada este mês