O italiano Ermenegildo Zegna Neto é um misto de
homem de negócio com estilista. Além de comandar a empresa que leva o seu nome, Gildo, como é chamado por seus amigos para se diferenciar do lendário avô, fundador da grife e homônimo seu, faz questão de opinar sobre os cortes dos ternos. Com esse modo de gerir, ele transformou a marca numa potência. Hoje, a Zegna tem 379 lojas em 64 países (duas delas no Brasil) e faturou 601 milhões de euros em 2003. Agora, prepara-se para abrir outros 60 pontos-de-venda no mundo e ampliar a sua participação por aqui. Aos 49 anos, esse italiano de Turim, formado em economia na Universidade de Londres e torcedor da Juventus, conta à DINHEIRO os planos da marca:

Dinheiro ? O que a Zegna representa para o mundo da moda masculina?
ERMENEGILDO ZEGNA ? O estilo Zegna é o luxo sem conotação exagerada. O nosso objetivo é oferecer conforto, cortes refinados e atenção aos detalhes em vez da ostentação.

O que é um homem elegante?
É aquele que tem estilo e veste seu guarda-roupa de maneira natural.

Existe alguma regra para um homem se tornar elegante?
Há alguns princípios importantes, como ser ele mesmo e respeitar as ocasiões. Diferenciar o que vestirá no trabalho, em festas e eventos formais. Também é crucial ser um pouco excêntrico e escolher tecidos que chamem atenção pelo excelente corte.

O sr. participa do processo de criação das roupas?
Conduzo uma equipe de desenvolvimento com mais de 30 pessoas no mundo inteiro. São jovens que observam as tendências globais da moda.

Qual é o segredo do sucesso da Zegna?
Seguimos os princípios fundamentais de qualidade em termos de produto, serviço e gerência de comunicação interna e externa. Somado a isso, temos criatividade e inovação. Nossos ternos são feitos sob medida desde os anos 70.

Como é este serviço?
O cliente escolhe o tecido, o modelo e as características que fazem a roupa exclusiva (um terno chega a custar R$ 15 mil). Tiramos as medidas da pessoa, fazemos o acabamento à mão e até a etiqueta leva o nome do cliente.

A Zegna é controlada pela família. Como são divididas as tarefas?
Eu e o meu primo Paolo comandamos o grupo. Anna, minha irmã, é responsável pela imagem e comunicação da empresa. Benedetta, minha outra irmã, controla o varejo e abertura de lojas. Minha prima Laura cuida do Oasi Zegna (Oásis Zegna, em italiano).

O que é o Oasi Zegna?
É o legado deixado por meu avô. Ele achava que todo empresário tinha o dever de colaborar com as causas sociais, culturais e ambientais. Por isso, em 1991, a nossa família resolveu colocar em prática este projeto antigo. Em uma área de 100 quilômetros quadrados, nos Alpes Biellese, fundamos uma reserva natural protegida, uma espécie de oásis.

Além de fabricar roupas, a Zegna vende tecidos. Qual é a produção anual
da empresa?

Fabricamos 2 milhões de metros de tecido e vendemos para as principais marcas de luxo do mundo.

Qual foi o desempenho do grupo em 2003?
Faturamos 601 milhões de euros. Deste total, 85% corresponde a roupas e acessórios e 15% do setor fabril. O nosso forte foram as exportações, que representaram 86% das vendas.

Como o sr. observa o mercado no Brasil?
Temos uma loja em São Paulo e outra no Rio. Estamos satisfeitos com os resultados. E sabemos que há mais espaço para crescer, considerando a população brasileira e seu poder de compra.

Qual é a característica do consumidor brasileiro?
Ele é consciente do que está na moda, aprecia a elegância, a qualidade e tem um talento natural para o estilo. O brasileiro, diferente do europeu, gosta de se vestir com mais cores, de modo casual.

AVANÇO ITALIANO


O mercado brasileiro de luxo tornou-se alvo das principais marcas. Na semana passada, a italiana D&G anunciou a sua chegada ao País.
A primeira loja, de 400 m2, será aberta em outubro no Shopping Iguatemi, em São Paulo. As operações da marca, dos estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana, estão a cargo da família Brett, a mesma que representa Giorgio Armani e Zegna no Brasil.