Mesmo sem saber, você já se deparou com o trabalho da empresa Dígitro Tecnologia, dona de um faturamento de R$ 102 milhões em 2016. Duvida? A companhia catarinense é a desenvolvedora do Sistema Guardião, o mesmo usado pela Polícia Federal e outras polícias estaduais para monitorar escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Ou seja, nesses últimos anos de Lava Jato muitas “peripécias” de homens públicos foram captadas pelo sistema da empresa. “Mas esse negócio representa só 30% do nosso faturamento”, diz Milton Espíndola, CEO da Dígitro. “O restante vem da venda de serviços de comunicação e inteligência para o mundo corporativo.” E um novo produto deve fazer esse número saltar. Trata-se do UNA, um aplicativo de comunicação para, principalmente, empresas, que será lançado no dia 7 de novembro.

Aplicativo anti Lava Jato

De acordo com a Digitro, o UNA é à prova de escutas e de hackers. Serão vendidos pacotes empresariais para, no mínimo, 100 pessoas a um preço que pode variar entre R$ 50 e R$ 100 por usuário. “Ele serve para troca de mensagens, envio de arquivos em áudio e vídeo, ligações criptografadas e funciona em computador, tablet e celulares tanto no sistema iOS como no Android”, diz Espíndola. Mas no que ele difere do WhatsApp? O gestor da conta contratada pode acionar um comando fazendo com que todas as mensagens armazenadas em “cache” sejam apagadas não deixando rastro nenhum. Além disso, o administrador pode saber tudo o que está sendo falado no ambiente dele e todo o tráfego pode ser armazenado em um servidor dentro da empresa, sem que as informações passem pela internet. “Muitas empresas estão interessadas”, diz Espíndola.

(Nota publicada na Edição 1043 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Cláudio Gradilone, Luís Artur Nogueira e Vera Ondei)