Em entrevista recente, o bilionário Eike Batista disse que pretendia atingir o topo do ranking dos homens mais ricos do mundo até 2020. Hoje, ele ocupa a oitava posição. Na quarta-feira 11, ele deu mais um passo nessa direção ao anunciar a sociedade entre sua MPX e a alemã E.ON na área de energia. O negócio vai colocar até R$ 1 bilhão no caixa da MPX, do qual R$ 850 milhões sairão da E.ON, que deterá 10% da MPX. Será criada uma nova empresa, cujo nome ainda não foi definido, na qual a MPX e a E.ON terão cada uma 50% (veja quadro no final da reportagem).  

 

25.jpg

Potência: usina termelétrica de Schkopau, na Alemanha, integra o

portfólio da E.ON, a líder mundial do setor.

 

Essa companhia nasce com a ambição de se tornar a maior produtora privada de energia do Brasil, com capacidade de geração de 20 gigawatts (GW) até 2020, cerca de 10% da produção total do País. Para isso, será necessário investir US$ 22 bilhões. Apesar de ainda estar em fase pré-operacional, a MPX já conquistou marcas importantes. As usinas em fase de construção, cuja potência instalada é de 3 GW, consumiram investimentos de R$ 5 bilhões e, quando estiverem operando, vão garantir receita anual de R$ 1,5 bilhão. “Foi um casamento perfeito”, afirmou Batista durante teleconferência com analistas. 

 

“A cultura das duas companhias é semelhante e partilhamos dos mesmos valores em todos os aspectos, inclusive na área ambiental.”Para os alemães, a transação possibilitou a entrada em um dos mercados que apresentam as maiores expectativas de crescimento no mundo. Apesar de ser a maior potência privada global do setor energético, com 69 GW e que lhe garante uma receita anual de € 93 bilhões, a E.ON possui uma dependência muito grande da Europa. Sua meta é obter 25% dos ganhos fora do Velho Continente, onde possui cinco das 17 usinas atômicas que serão fechadas pelo governo alemão. 

 

26.jpg

Johannes Teyssen, CEO da E.ON: “Sempre olhamos a MPX como a primeira

opção de investimento no Brasil”.

 

“O principal atrativo da MPX é sua carteira de projetos”, disse Johannes Teyssen, CEO da E.ON. Nessa área, licenças ambientais costumam levar até dois anos para ser concedidas. Mais: a MPX é a única companhia privada do setor no Brasil que controla as fontes de matérias-primas: gás e carvão. Por conta disso, a contribuição alemã na parceria deverá se limitar ao aporte de recursos necessários para dar continuidade aos projetos estruturados em conjunto, além da transferência de tecnologia. A estreia dessa empresa será no leilão que o Ministério de Minas e Energia deverá realizar em março. 

 

Muitos investidores aproveitaram a notícia para vender ações da MPX, uma das estrelas de 2011 no pregão da Bovespa. Na quarta-feira 11, seus papéis fecharam em queda de 5,85%, cotados em R$ 46,13. Isso não significa, no entanto, que exista um clima de desconfiança em relação ao negócio. “O setor energético tem como característica os longos ciclos de maturação”, diz Evodio Kaltenecker, professor de estratégia e inovação da BBS Business School, de São Paulo. “A parceria com um empresário local é o melhor caminho para quem pretende atuar em um mercado como o Brasil.” 

 

27.jpg

Fôlego: a meta de Eike é investir US$ 22 bilhões em geraçao de energia até 2020.

 

Durante a teleconferência, Teyssen, da E.ON,  se mostrou irritado com a insistência em colocar a MPX como a segunda opção dos alemães, que, recentemente, perderam para os chineses a disputa para se associar à EDP, de Portugal. “Sempre olhamos a MPX como nossa opção número 1 de investimento no Brasil”, afirmou. Apesar de ter conversado com empresas de outros países antes de fechar com a E.ON, os alemães sempre estiveram  no radar de Batista. Nascido em Governador Valadares (MG), o empresário passou parte da vida na Europa. Aos 12 anos, embarcou para a Alemanha, a terra de sua mãe, Jutta Batista.  Ele morou em Dusseldorf, onde cursou engenharia metalúrgica. Um dado interessante é que essa cidade também abriga o quartel-general da E.ON. 

28.jpg