Por mais de 30 anos, a fabricante de equipamentos de som Bose fez de tudo para passar despercebida. Ela é uma espécie de antítese da Apple. Os produtos não têm design arrojado e prezam pela sobriedade. A companhia não conta também com um executivo carismático, como Steve Jobs. Amar G. Bose, um americano de origem indiana que é professor de engenharia elétrica no renomado Massachusetts Institute of Technology (MIT), fundou a empresa, em 1964, com o objetivo de recriar o mais próximo possível a experiência de ouvir músicas ao vivo por meio da tecnologia. 

 

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Barack Obama: o presidente dos EUA é fã de produtos tecnológicos, como o fone de ouvido Bose

 

Com essa proposta, conquistou fãs fiéis desenvolvendo aparelhos cuja qualidade do som está próxima da perfeição. Mas agora a Bose – que fatura mais de US$ 2 bilhões – virou moda. Seus fones de ouvido são vistos na cabeça de pessoas como o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, das atrizes Anne Hathaway e Drew Barrymore, do ator de Transformers e Indiana Jones Shia Labeouf e da vocalista do Black Yead Peas, Fergie. 

 

O que encanta essas celebridades é a tecnologia desenvolvida pela companhia. Criada há mais de 20 anos para ser usada em aviões – e evitar o desconfortável barulho das turbinas –, ela está cada vez mais avançada. A tecnologia reduz os ruídos externos do ambiente drasticamente e cria condições ideais para ouvir áudio de alta qualidade. 

 

Por isso, é muito comum ver pessoas que adoram música correndo ou caminhando com os grandes e desengonçados fones de ouvido da Bose. As companhias aéreas também entenderam que isso poderia ser um diferencial para os passageiros das classes executiva e primeira. Foi o que fez a American Airlines. “Prover uma experiência premium atrai clientes para a nossa companhia”, diz Martha Pantín, diretora de comunicações corporativas da empresa. 

 

Representada no Brasil pela Disac desde 2002, a Bose quer pegar carona nesta nova fase da marca e começou a expandir seus negócios por aqui. O objetivo é buscar pontos de venda para aumentar a presença da companhia. Como o alvo são consumidores de alto poder aquisitivo, a localização das lojas é crucial. 

 

Afinal, um produto Bose não é para ser vendido por redes com apelo popular. O fone com a tecnologia de redução de ruído custa quase R$ 1.400 (nos EUA, US$ 300). O equipamento de home theater mais caro comercializado no País tem preço de R$ 18 mil. 

 

Atualmente, a única loja da empresa na América do Sul fica no Shopping Cidade Jardim, meca das pessoas milionárias de São Paulo. A cadeia varejista Fnac também acaba de abrir uma área exclusiva para os produtos da companhia americana na capital paulista. 

 

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Amar Bose: ele era um admirador de música clássica e criou a empresa para poder reproduzir som ao vivo com realismo

 

E a Disac negocia com a FastShop e companhias que vendem produtos Apple áreas semelhantes. “É quase como montar uma loja dentro da loja”, diz Mauro Zucato, dono da importadora da Disac, que não revela os investimentos.

 

O importante, neste caso, é permitir que os usuários façam uma degustação do produto. “O marketing da Bose sempre foi ouvir o som e não ver o produto”, afirma Zucato. É verdade. 

 

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A atriz Anne Hathaway caminha com seu bose. Outros astros de hollywood

são vistos em público com o equipamento

 

Nos Estados Unidos, quem entra no saguão da companhia, que fica no topo de uma montanha em Framinghan, próximo a Boston, é envolvido por uma música suave e sem ruído que toma todo o ambiente. 

 

A sensação é de que um sofisticado sistema de som está em operação. Mas é um pequeno rádio-relógio da marca, quase imperceptível, que comanda o show. “Quem ouve, entende que a diferença é da água para o vinho”, acredita Zucato. As celebridades já entenderam isso.