O grupo mineiro Algar, baseado em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, comanda a menor concessionária de telecomunicações do País: a Algar Telecom (ex-CTBC). Sua área de concessão abrange toda a região do Triângulo e algumas cidades do interior de São Paulo, de Goiás e de Mato Grosso do Sul. Em comparação com gigantes do setor como a espanhola Telefônica, a luso-brasileira Oi e a mexicana Claro, que pertence ao magnata Carlos Slim, trata-se, praticamente, de uma microempresa. As limitações geográficas, no entanto, não impedem o CEO da companhia, Luiz Alexandre Garcia, de traçar planos para a sua internacionalização.

“Atuamos em um mercado global”, afirma Garcia. “Para competir, precisamos estar onde nosso cliente está.” Desde o ano passado, o braço de serviços de tecnologia do grupo, a Algar Tech, atua com escritórios na Colômbia, no Chile e na Argentina – os dois últimos foram incorporados com a aquisição da Asyst, especializada em serviços de atendimento técnico, por R$ 103 milhões, em novembro de 2013. Agora, a Algar se prepara para entrar no maior mercado do mundo: os Estados Unidos. “É um caminho natural”, afirma José Antônio Fechio, presidente da Algar Tech.

“Se quisermos ter uma presença global, precisamos estar presentes no mercado americano.” Os planos são de iniciar uma operação na Flórida, provavelmente em Miami, focada em vender serviços de atendimento ao consumidor em português para multinacionais que atuam no Brasil. Para levar o nome Algar para além das montanhas mineiras, Garcia planeja investir R$ 2 bilhões em seus braços de tecnologia e telecomunicações, até 2018 – além desses mercados, o grupo atua no agronegócio, no setor de aviação e controla a rede de resorts Rio Quente. Parte dos recursos pode ser utilizada em novas aquisições.

O grande chamariz da empresa é seu serviço de atendimento aos consumidores, que conta com clientes de peso, como a fabricante de cosméticos Avon. Sua oferta é complementada por uma rede de fibra ótica de 13 mil km que passa pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e pelo Distrito Federal. Ela permite à Algar vender serviços de banda larga e data center para clientes corporativos. Trata-se de um mercado que vem crescendo na esteira da adoção da computação em nuvem. Exportar serviços de tecnologia, no entanto, não tem sido um negócio muito atrativo no Brasil.

Enquanto o mercado doméstico de TI segue em franca expansão e já representa 2,74% do PIB brasileiro, o equivalente a cerca de R$ 62 bilhões, segundo dados da consultoria IDC, as vendas para o mercado externo mínguam. No ano passado, as exportações totalizaram pouco mais de R$ 1,1 bilhão. Segundo a Sofitex, entidade focada na promoção das empresas brasileiras de software no exterior, o que dificulta as vendas para o mercado internacional são o custo e a escassez da mão de obra, problema que é acentuado quando a demanda é por profissionais bilíngues. No caso da Algar, exportar não é uma mera opção, mas a única maneira de crescer, já que sua área de concessão não permite planos muito ambiciosos.

Segundo Luiz Alexandre Garcia, que é neto do fundador do grupo, Alexandrino Garcia, buscar clientes fora do Triângulo Mineiro foi, desde o início, a estratégia para turbinar as receitas da CTBC. A área de atendimento ao consumidor foi a forma encontrada para trazer ligações para a rede da operadora, no final da década de 1990. Desde então, com o surgimento da banda larga e, posteriormente, da computação em nuvem, as oportunidades se multiplicaram. No ano passado, o faturamento da Algar Tech foi de, aproximadamente, R$ 750 milhões. A receita total do grupo foi de R$ 3,8 bilhões. Para quem está descobrindo o mundo, no entanto, isso é só o começo.