25/02/2009 - 7:00
OS 15 ANOS DE IDADE, A Brasilprev é apenas uma adolescente. E, como tal, a empresa de previdência privada do Banco do Brasil é cheia de sonhos. Que tal ser líder de mercado quando crescer? A veterana Bradesco Vida e Previdência ainda ocupa o topo do ranking, mas a Brasilprev não se intimida e quer alcançar a rival antes da maioridade. Em 2008, deu o primeiro passo nesse sentido, sagrando-se campeã de captação líquida (depósitos menos saques) do setor, com R$ 3,6 bilhões. A arrecadação total chegou a R$ 4 bilhões, um crescimento de 24,4% no ano. Tarcísio Godoy, presidente da Brasilprev, comemora o desempenho, importante num momento de crise como o atual, em que os clientes de varejo com problemas financeiros tendem a sacar recursos da previdência para pagar contas. “É um bom sinal de ganho e de retenção de clientes”, afirma. E como se faz isso? Trabalhando com o sonho dos outros.
Há muito tempo que a previdência privada deixou de ser sinônimo somente de aposentadoria, de um futuro feliz com renda suficiente para manter o padrão de vida. Hoje, esse tipo de investimento de longo prazo tem muitos objetivos e públicos de todas as idades. Do bebê, cujo pai ou mãe contrata um plano para assegurar os estudos do filho, aos quarentões preocupados com a segunda metade da vida e os setentões em busca de planejamento na sucessão patrimonial. Viagens ao Exterior, festas de casamento, um sonho de consumo após os 18 anos, tudo é motivo para se começar uma poupança com finalidade específica e prazos longos. “Os brasileiros estão vivendo mais. E estão cada vez mais previdenciários”, diz Godoy, que fez carreira no Ministério da Fazenda e foi secretário do Tesouro Nacional.
O executivo entende do ramo. Engenheiro civil, antes de assumir a Brasilprev, em outubro de 2007, passou pela Secretaria de Previdência Complementar, ligada ao Ministério da Previdência e Assistência Social. Também especializou-se em sistemas de previdência na Warthon School, da Universidade da Pensilvânia, e estudou economia no Instituto Minerva, da Universidade George Washington, nos Estados Unidos. Talvez Godoy tenha trazido de lá a expressão “oceano azul”, como define o canal de distribuição exclusivo do Banco do Brasil. Na administração, a estratégia do oceano azul consiste em tornar seus competidores irrelevantes. Ao menos nas agências do BB, a Brasilprev não tem concorrentes para fisgar os 38 milhões de clientes do banco. Para uma empresa de previdência com “apenas” 1,1 milhão de clientes e dois milhões de planos vendidos, o oceano do BB é uma imensidão a ser explorada. Em 2008, conforme divulgou na terça-feira 17, a Brasilprev alcançou a marca de R$ 20 bilhões sob administração, um crescimento superior a 26% sobre o ano anterior. O lucro líquido ficou em R$ 195,5 milhões, alta de 6,2%.
A Brasilprev, uma sociedade do BB com o Principal Financial Group e o Sebrae, quer melhorar ainda mais esse desempenho. Para isso, treinou mais de sete mil gerentes do BB no ano passado. Seguindo a linha da popularização da previdência, eles oferecem planos com contribuição a partir de R$ 25,00 por mês. “O público de menor renda pode investir num instrumento sofisticado que dá acesso ao mercado de capitais e contribui para a melhoria da distribuição de renda no País”, afirma Godoy. Sua principal arma é a inovação de produtos padronizados do mercado em duas siglas: PGBL (indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda, pois permite a dedução de até 12% da renda tributável no ano) e o VGBL, o que mais vende atualmente. No ano passado, a Brasilprev investiu em planos inéditos, chamados de Ciclo de Vida. Quanto maior a idade do cliente, menor é a exposição ao risco da renda variável, em percentuais que mudam durante o período de contribuição. “Esse tipo de produto cresce a taxas de até 70% ao ano nos Estados Unidos”, lembra Godoy. Enquanto lá o mercado de previdência privada atinge 70% do PIB, no Brasil não passa de 5,6%. A expectativa é que os ativos do setor continuem crescendo a taxas de dois dígitos, passando dos R$ 140 bilhões atuais para R$ 621 bilhões em 2017. A Brasilprev ambiciona a maior fatia desse mercado e quer aproveitar o sonho do Banco do Brasil – recuperar a liderança perdida para o Itaú- Unibanco – para crescer.