O corretor de imóveis carioca Rubem Vasconcelos, 55 anos, está em vias de entrar para o Guinness, o livro dos recordes. Seu feito: vender 1.100 apartamentos em dez horas ? algo como duas unidades por minuto. Vasconcelos é dono da Patrimóvel, corretora responsável por 85% dos lançamentos imobiliários do Rio de Janeiro. A venda que deverá entrar para a história como a mais rápida do mundo foi a da Vila Pan-Americana, condomínio construído para abrigar os atletas durante os jogos de 2007, que depois será entregue aos proprietários. A fulminante performance não é uma exceção. Foi assim com o residencial Cores da Lapa (688 apartamentos em duas horas) e com o edifício Quartier Carioca (520 unidades em um dia), entre outras operações no mercado fluminense que alçaram Vasconcelos ao status de supercorretor. ?Quanto mais rápido vendo, maior é a pressão dos construtores para os futuros lançamentos?, diz. Seu próximo desafio vai aproximá-lo do mundo das finanças. Em vez de futuros moradores, Vasconcelos tentará atrair investidores. O objetivo é a venda das 329 unidades (entre bangalôs e apartamentos) do Breezes Búzios, o primeiro resort do balneário da Região dos Lagos, com inauguração prevista para 2008.

Quem adquirir uma unidade poderá usufruí-la por 33 dias ao ano (segundo pesquisa feita para o projeto, este é o tempo médio de utilização de uma casa de praia pelos seus proprietários). No restante do período, o apartamento ficará à disposição do operador do resort, o grupo jamaicano SuperClubs, que o locará para os hóspedes. ?A idéia é garantir as férias da família e, ao mesmo tempo, ter uma opção de renda?, explica Marcelo Wrobel, diretor da construtora Wrobel, encarregada de pôr de pé o empreendimento. O investimento médio por unidade será de R$ 231,52 mil. Pelas projeções de Wrobel, o investidor terá o retorno da aplicação após o sétimo ano de funcionamento.

O dinheiro levantado com as vendas será o ponto de partida para a construção do resort, orçado em R$ 120 milhões. Daí a aposta em Vasconcelos. E a crença em que ele será capaz de liquidar os 329 bangalôs e apartamentos em algumas horas. O supercorretor adianta à DINHEIRO que utilizará a mesma estratégia de comercialização que fez sua fama entre os construtores do Rio de Janeiro. Batizada de ?panela de pressão?, a tática consiste em organizar uma megarrecepção para os potenciais compradores, onde estará reunido o exército de 650 corretores da Patrimóvel, além de escriturários encarregados de fechar os negócios lá mesmo. ?Juntamos os clientes todos num só ambiente para que eles se empolguem com o clima de festa?, conta Vasconcelos. Quem está na dúvida e vê o outro comprando acaba assinando o cheque.

O lançamento do Breezes está previsto para setembro, no Jockey Club do Rio. Normalmente, as festas são preparadas com dois meses de antecedência. Tempo para se levantar os nomes dos possíveis compradores e convidá-los para o coquetel. ?Temos uma rede de 650 corretores. Se cada um fala com dez pessoas, já são 6.500?, diz Vasconcelos, que se reúne com sua equipe até quatro vezes por semana para treiná-la.

O maior vendedor de imóveis do Rio largou o curso de Direito no quarto ano para se dedicar à corretagem. Aos 27 anos, tornou-se sócio da Júlio Bogoricin, em Belo Horizonte. Logo depois, comprou da construtora Gafisa a corretora Patrimóvel. Na época, eram vendidos, em média, cinco imóveis por mês. Hoje, a média é de 400 vendas mensais ? e o faturamento anual bate em R$ 1,5 bilhão.

Se for bem-sucedido na venda do Breezes, Vasconcelos ajudará a consolidar o financiamento à construção de resorts como opção de investimento. É um modelo de negócio estigmatizado por experiências negativas com flats na década passada ? concentrados, é verdade, em São Paulo, onde houve uma superoferta de empreendimentos do gênero. Nos últimos anos, porém, não faltaram investidores para projetos como o Txai Resort ou o Terravista, ambos no litoral da Bahia. Vasconcelos, agora, vai testar o mercado para Búzios.