05/09/2007 - 7:00
Oque é necessário para uma empresa sobreviver dentro de um mercado segmentado? Para os executivos da fábrica suíça IWC – divisão de relógios do Grupo Richemont – essa receita está na ponta da língua. A companhia, ao lado de nomes como Cartier e Montblanc, entre outras, disputa a cobiça de grandes colecionadores da alta relojoaria. E os resultados não poderiam ser melhores. Com uma produção anual de 60 mil peças, a marca registrou nos últimos seis anos um crescimento de 25% ao ano com um faturamento de 200 milhões de euros. Porém, por trás desses números, em sua sede na cidade de Schaffausen, Suíça, ela preserva sua principal estrela: o mestre relojoeiro Kurt Klauss. Aos 74 anos, ele é mais do que um profissional. Guardadas as devidas proporções, os próprios executivos da empresa o consideram o Einstein da relojoaria. Em passagem pelo Brasil, Kurt Klauss concedeu uma entrevista exclusiva à DINHEIRO onde deixou claro sua paixão pelo trabalho. “Criar um relógio é como dar vida a um objeto”, declara.
Na verdade, Kurt Klauss e a IWC representam uma relação de sucesso que já dura 50 anos. Para comemorar essa parceria, a marca está promovendo uma turnê para anunciar o seu novo lançamento, o Da Vinci Calendário Perpétuo Edição Kurt Klauss. Trata-se de uma série de 600 peças criada para relembrar a principal obra do profissional, o Da Vinci Calendário Perpétuo. O modelo de 1985 se destacou pelo seu calendário programado para um período de 500 anos. “Eu criei o mecanismo mais complicado que já existiu na época”, explica. E o Brasil, é claro, não poderia ficar de fora desse roteiro. Representados pela rede Natan, os relógios da IWC estão presentes em quatro lojas entre São Paulo e Rio de Janeiro. Suas peças, muito bem valorizadas no País, despertaram o interesse da marca. “Nos próximos cinco anos, o Brasil tem tudo para ser o primeiro da América Latina para a IWC”, confessa Maxime Ferté, diretor para América Latina e Caribe.Contudo, é importante ressaltar que o lançamento anunciado irá custar a partir de US$ 32 mil e só poderá ser encontrado em butiques exclusivas da marca, como Las Vegas, por exemplo.
Essas criações fazem com que a IWC fidelize o desejo de seu público. “Dessa forma, essas peças se tornam indispensáveis para o consumidor”, analisa Silvio Passarelli, diretor do programa de MBA em Gestão de Luxo da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). “São ações que dão ao cliente a certeza de estar pagando por um produto exclusivo”, completa José Roberto Martins, diretor da Global Brands, empresa especializada em consultoria de marcas. Aliás, exclusividade parece ser um forte da marca suíça. Para comemorar os 70 anos de sua coleção dedicada aos aviadores, criada em 1936, a IWC lançou no ano passado, a linha Top Gun. Paralelamente à novidade foi produzido um curta-metragem de oito minutos que contou com a presença do ator John Malkovich. A exibição, realizada em 2006, no Salão Internacional de Alta Relojoaria, em Genebra, marcou um importante passo da empresa. Para este ano, no mesmo evento, uma apresentação de teatro com o ator Kevin Spacey marcou o lançamento da nova linha Da Vinci. Fundada em 1868, a IWC sempre marcou época com seus lançamentos, como a linha Ingenieur, em 1954, dedicada aos engenheiros da indústria automobilística, por exemplo, ou a Aquatimer em 1967, voltada para os mergulhadores. Enfim, com o objetivo de resgatar essas jóias, a marca traz de volta essas coleções em séries limitadas, com inovações tecnológicas que conversam com o tempo.