01/10/2003 - 7:00
Nos últimos anos, o empresário Vinícius Buschinelli dedicou-se intensamente a um único objetivo em sua vida profissional: modernizar a fábrica de cerâmicas e revestimentos que pertence à sua família há 80 anos. Hoje a empresa é conhecida como uma das mais bem-sucedidas do município de Santa Gertrudes, interior do Estado de São Paulo. Cerca de 20% da produção vai para os Estados Unidos, França, Inglaterra e outros 30 países. Para atender a demanda, eles produzem 3.900 peças por hora, 24 horas por dia, sete dias da semana. No ano passado, o faturamento atingiu R$ 25 milhões. ?Não podemos parar?, diz Buschinelli.
Buschinelli fez a lição de casa, assim como outras 43 fabricantes de Santa Gertrudes, um pólo responsável por 39% da produção nacional de cerâmica e 65% da produção paulista. No total, investiram, desde 1996, US$ 250 milhões na modernização e ampliação do parque industrial do município. Mas bateram no teto. ?Investimos tudo que podíamos para a expansão. Mas não restava mais alternativa, tínhamos que centralizar os esforços?, desabafa Buschinelli. ?Precisávamos de fôlego extra para enfrentar os concorrentes italianos e espanhóis.? Esse foi o embrião da Aspacer ? Associação Paulista de Cerâmica e Revestimentos. Ao falar em associação, esqueça a idéia de um prédio cheio de senhores engravatados metidos em reuniões intermináveis. O objetivo da entidade é que os fabricantes paulistas deixem as diferenças de lado e unam forças para atrair mais compradores, sobretudo estrangeiros. Neste ano, eles pretendem aumentar as exportações, hoje de 14 mil metros quadrados, em 50%.
Uma das primeiras iniciativas da Aspacer foi criar um show room, com estandes de todas as empresas do pólo. Para ali, a entidade pretende levar possíveis compradores de todo o mundo. ?Daremos toda a infra-estrutura e seremos um ímã para atrair novos compradores?, resume João Oscar Bergtron, presidente da Aspacer. Os visitantes encontrarão cerâmicas dentro dos padrões de qualidade exigidos na Europa e certificados pelo Inmetro. ?Sempre tivemos uma matéria-prima excelente, mas faltava qualidade na produção?, conta José Octavio Paschoal, presidente do CCB ? Centro Cerâmico do Brasil, um laboratório de análise de qualidade que presta serviços para as empresas da região. ?Nosso objetivo é garantir a qualidade e desenvolver o design das peças para que os fabricantes possam competir no mercado externo?, fala Paschoal. Juntos, o CCB e a Aspacer também erguerão uma escola para formar mão-de-obra especializada. ?Com esse projeto beneficiamos a todos. Daremos educação, emprego e moradia?, diz Paschoal.