15/07/2016 - 0:00
Namoro, ficação ou amizade? Essa dúvida ronda a cabeça de muitos marmanjos e marmanjas durante o preenchimento do formulário do Tinder, a rede social destinada a promover relacionamentos amorosos. Não se assuste, meu caro leitor, é que apesar de ter aberto este texto falando de um app que promove o encontro de casais, o assunto aqui continua sendo empreendedorismo sustentável. E, neste contexto, nada pode ser mais sustentável do que um projeto ou empresa social que conte com uma parruda rede de apoio que viabilize seu crescimento. Especialmente financeiro.
É com isso em mente que Heiko Hosomi Spitzeck, professor e gerente do Núcleo de Sustentabiliade da Fundação Dom Cabral (FDC), apresenta a proposta para a criação de uma rede destinada a unir ONGs, gestores de empresas sociais, ativistas e makers a grandes empresas e fundos de investimentos dispostos a investir em projetos inovadores.
Segundo ele, o Brasil já conta com um ecossistema propício ao empreendedorismo social. E isso pode ser confirmado no relatório O Poder das Sinergias – Parcerias entre Empreendedores Sociais e Empresas. O estudo coordenado por Spitzeck revela números interessantes que apontam para oportunidades, tanto de investimento por parte do setor privado (fundos e empresas), quanto para a captação de recursos pelos empreendedores (ONGs e empresas sociais).
Exemplo: os recursos disponíveis na carteira dos fundos de investimento direcionados a negócios de impacto social somavam US$ 177 milhões, em 2013, de acordo com dados da americana Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE). Em termos globais, os fundos nesta área têm sob sua gestão US$ 3 bilhões.
No entanto, se dinheiro não é problema, observa-se que falta um mecanismo eficiente para encurtar a distância, fazendo com que os processos de parcerias fluam de uma forma mais natural, permitindo que os projetos se disseminem e se tornem escaláveis. Especialmente no Brasil. “Hoje, muita coisa acontece na base da casualidade”, destaca o professor da FDC.
Para Spitzeck, este tipo de parceria é benéfica para os dois lados. Ao se unir a uma grande empresa, um empreendedor social tem a possibilidade de aumentar as receitas de seu negócio e assinar contratos de longo prazo, melhorando o grau de sustentabilidade. Por outro lado, os gestores de grandes empresas conseguem ingressar ou mesmo ampliar sua participação em determinados mercados.
“Com a parceria com o Grameen Group, em Bangladesh, a Danone assimilou uma série de mecanismos e tecnologias sociais para melhorar sua atuação junto aos consumidores da base da pirâmide”, destaca. “Sem contar que gerou uma imagem positiva no país, junto aos potenciais consumidores de seus produtos premium.”
O conceito de “Tinder Social” foi lançado na quinta-feira 14, em São Paulo, durante o seminário de apresentação do estudo sobre empreendedorismo social, na unidade da FDC em São Paulo. O encontro reuniu representantes do setor privado e gestores de ONGs. A ideia é que a rede rode dentro de uma das plataformas sociais da Fundação Dom Cabral.
Mais informações:
Estudo da FDC
Gramen Danone