O presidente Obama, em uma canetada na semana passada, assinou projeto de lei estendendo por nova temporada a concessão de subsídios ao álcool local. A medida é uma pancada nas pretensões brasileiras de incrementar seus negócios naquele mercado com a exportação do produto nacional – já considerado mundialmente como o melhor da chamada matriz energética limpa. Há anos que os americanos acenam com a possibilidade de suspensão das barreiras e facilitação na venda do etanol brasileiro naquele mercado. Mas a promessa nunca passou disso. 

 

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E, pelo visto, vai continuar por bom tempo no plano das ideias que não vingam. O pesado lobby da associação de produtores locais, que gera álcool a partir do milho, conseguiu nos últimos 30 anos impor limites que praticamente dobram a diferença entre o custo do combustível brasileiro e o de lá. 

 

O próximo passo dessa disputa deve acontecer, mais uma vez, no terreno da OMC, onde o Brasil já conquistou recentemente uma grande vitória contra os EUA por conta de subsídios em outras áreas de atuação. 

 

São vitórias significativas, que abrem margem para a aplicação de sanções e retaliações, mas, na prática, representam um distanciamento ainda maior entre esses parceiros. 

 

A quem interessa o recuo comercial entre os dois líderes da América? Depois da prorrogação do benefício, diplomatas brasileiros em Washington afirmam que não há mesmo melhor saída do que a de uma resposta jurídica, iniciando mais um arrastado ciclo de litígio com os americanos. 

 

Quem der uma boa olhada na pauta de exportações/importações bilaterais dos EUA com o Brasil notará que ela seguiu praticamente estacionada nos últimos anos, gerando resultados bem aquém dos esperados. 

 

A tal ponto chegou a situação que os americanos perderam o papel de maior comprador de mercadorias brasileiras, status que mantinham havia quase meio século. O abismo com o vizinho certamente terá de entrar na pauta de prioridades da gestão do governo Dilma. 

 

E uma boa oportunidade para iniciar a conversa de reaproximação é logo após a posse, quando a presidente terá um encontro já agendado com o líder dos EUA. O Tio Sam precisa ceder.