Acostumados à rentabilidade farta dos fundos de renda fixa, os investidores têm se ressentido da baixa dos ganhos provocada pela redução dos juros. Eles vêm trocando as aplicações tradicionais por papéis de empresas, as chamadas debêntures, que chegam a render até 110% dos juros do mercado interbancário (CDI), comparados a uma média de 95% das melhores opções tradicionais. Esse diferencial atrai dinheiro. Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram captações de R$ 39 bilhões até outubro. Esse prêmio não vem de graça, pois os títulos oferecem maior risco. Ao adquirir uma debênture, o investidor empresta dinheiro à empresa emissora e pode perder tudo, se esta não honrar seus compromissos. “Para investir é preciso analisar a saúde financeira da companhia e sua capacidade de endividamento”, diz Alberto Kiraly, vice-presidente da Anbima. 

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Quem não tem tempo ou conhecimento para isso pode recorrer aos fundos de renda fixa que compram esses títulos.Os especialistas apreciam a ideia. “Hoje, algumas debêntures são mais seguras que os papéis de bancos”, diz Danny Rappaport, sócio da gestora de recursos paulista Investport. Ele  recomenda investir por meio dos fundos. Alan Infante, sócio da Aditus Consultoria Financeira, recomenda alguns cuidados. “É preciso verificar a taxa de administração, se o gestor tem experiência na análise de dívidas e o prazo de resgate dos ativos do fundo”,diz. 

 

O HSBC Asset, que administra três fundos que aplicam em debêntures, tem oito pessoas dedicadas a analisar esses títulos. “Nós descartamos papéis com longos prazos de vencimento, remunerações que parecem ser incompatíveis com esses prazos e empresas de setores muito arriscados e instáveis”, diz Renato Ramos, diretor do HSBC Asset. Marcelo Pereira, sócio da  assessoria de investimentos Tag, adverte os investidores que podem surgir surpresas no meio do caminho. “Muitos clientes não se dão conta de que esses papéis também têm risco”, diz Pereira. 

 

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