Um móvel que transcendeu a fetiche. Uma poltrona que virou objeto de arte. Uma marca que é sinônimo de sofisticação e ótimos negócios. Aos 100 anos, completados no final de 2012, a italiana Poltrona Frau comemora um semestre de faturamento em alta, a despeito dos desdobramentos da crise na economia europeia. Foram US$ 172 milhões que entraram no caixa da companhia, 8% a mais do que no mesmo período do ano anterior, graças a um forte investimento em lojas no mercado asiático. Resultado, os chineses adoram a Frau. Mas não só eles. Os produtos criados pelo tapeceiro Renzo Frau no início do século 20 decoram desde carros esportivos até sedes do poder global.

 

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Os números foram divulgados no início do mês. Na região da chamada “Grande China” (Hong Kong, Macau e a própria China), o crescimento nas vendas foi de 36%, com o número de lojas dobrando para 12 unidades. “Isso é fruto de um bom trabalho com os revendedores”, diz Hélio Bork, que detém os direitos da marca no Brasil. Para ele, a implantação de lojas próprias ou monobrands, fora das multimarcas, deu resultado. No balanço geral da marca o aumento foi de 33%. “Os italianos da Frau entenderam que a parceria com gente local traz muito resultado”, afirma. O empresário explica que a estratégia no Brasil ainda está na fase inicial. Além da loja, em São Paulo, a companhia italiana teria planos de montar os móveis com parceiros em território nacional. 

 

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União de luxo: desde os anos 1990, a marca italiana trabalha em parceria com a Ferrari

na confecção dos bancos em couro e revestimentos de portas e do painel

 

Ato contínuo, os preços se tornariam mais competitivos. Para se ter uma ideia, o sofá Chester One, em couro envelhecido, é importado e custa cerca de US$ 31 mil, sendo o item mais caro à venda no País. Além da expansão asiática, a Poltrona Frau apostou também na sua herança. Tanto que, no final de 2012, inaugurou um museu homônimo para comemorar o centenário e traduzir fisicamente a sua história. O espaço fica em Tolentino, a capital do artesanato em couro na Itália, tem 1.400 m² e consumiu US$ 11 milhões para ser construído. Ali dentro, as poltronas ganharam o caráter de obras de arte, com iluminação digna das melhores galerias do mundo. O cuidado se justifica. 

 

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Hélio Bork: ”O museu comprova que a Poltrona Frau é um ícone

do mobiliário italiano.”

 

Em sua trajetória, a marca produziu parcerias com arquitetos e designers importantes, como Jean Nouvel e Frank Gehry, e decorou ambientes diversos – do Parla­mento Europeu à primeira classe da companhia aérea japonesa JAL. E, em todos os casos, as peças criadas são de pura inspiração artística. Há ainda os produtos que, associados a outras marcas valiosas, viraram objeto de desejo. É o caso do estofamento que a Frau produz para a Ferrari desde meados dos anos 1990. Além da montadora do “cavalinho rampante”, a também italiana Maserati , a alemã Mercedes-Benz e a franco-italiana Bugatti. Claro, ninguém compra um carro desses pelo banco. Mas que ele faz toda a diferença com a logo Frau impressa no couro, ah isso faz.