‘O último exorcismo’, um novo filme de terror sobre o tema da possessão e da loucura, reflete a seu modo um país “profundamente dividido”, onde “ninguém é capaz de ouvir o ponto de vista do outro”, afirma seu produtor Eli Roth, referindo-se à política nos Estados Unidos em entrevista concedida à AFP.

Completamente diferente de “O exorcista”, de 1973, “O último exorcismo” não é uma nova versão do clássico de William Friedkin.

Sob a direção do alemão Daniel Stamm, “O último exorcismo” conta a história do reverendo Cotton Marcus (Patrick Fabian) na Louisiana e chega às salas da América do Norte nesta sexta-feira.

Pregador carismático e astuto, o personagem Marcus não acredita no demônio, mas sem escrúpulos “exorciza” em troca de alguns dólares todos aqueles que pensam que estão possuídos.

Atormentado pelo peso em sua consciência, o reverendo se prepara para deixar de mentir, mas antes aceita realizar o último exorcismo diante das câmeras de uma equipe que participa da produção de um documentário, onde descobrirá com a jovem Nell Sweetzer (Ashley Bell) algo que mudará a sua concepção de bem e mal.

A originalidade do filme está essencialmente na inversão de papéis: o pastor defende a Ciência e a Medicina ao aconselhar a Nell uma terapia psiquiátrica, enquanto o pai da jovem se mostra convencido de que o comportamento de sua filha é obra do demônio.

“O reverendo e pai querem ajudar a menina, mas sua incapacidade de compreender o ponto de vista do outro provoca um pouco a catástrofe”, disse à AFP Eli Roth, produtor do filme e diretor de “Cabana do inferno” (2002) e de “O albergue” I e II (2005 e 2007).

“É o que acontece hoje em dia nos Estados Unidos. Ao sair do filme, as pessoas diziam que isso as fazia pensar no ‘impasse’ em que se encontram os Republicanos e os Democratas”, considerou.

“Somos un país profundamente dividido. Nenhuma das duas partes quer ouvir o que o outro diz, e nenhuma das partes está segura de que tem razão sobre as posições assumidas. Prevalece quem grita mais forte”, disse o produtor.

O produtor afirma que “hoje em dia as pessoas se inclinam para a religião em um grau que não se via há muito tempo”, e indica que o exorcismo está mais em voga do que nunca.

“Creio que isso é porque o mal de hoje não tem mais um rosto, está em todas as partes. Há 75 anos, sabíamos quem era Hitler. Mas hoje, o demônio está no terrorismo, na cobiça das grandes empresas, na corrupção das autoridades”, disse.

“O último exorcismo” não abusa de efeitos especiais ou sangue para atemorizar os espectadores. O filme transmite a sensação de realidade, quase como um documentário, o que já se mostrou um formato bem-sucedido com trabalhos anteriores como “A bruxa de Blair”, “Atividade paranormal” e “Rec”.

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