O apetite do Grupo Gerdau parece não ter limites. Na semana passada, o maior produtor de aços longos das Américas anunciou mais uma aquisição ? a da siderúrgica espanhola Sidenor, por ? 443,8 milhões, em parceria com o Grupo Santander e executivos da própria Sidenor. Com os 40% que terá da empresa (o Santander terá 40% e os executivos, 20%), a Gerdau assume a quinta posição entre os maiores produtores mundiais de aços especiais (os mais usados na indústria automobilística). ?Essa aquisição é fundamental para nossa intenção de globalizar a empresa?, afirmou Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo. O negócio é o primeiro da Gerdau na Europa (ela já é dona 11 usinas nos EUA, 3 no Canadá, 2 na Colômbia, 1 no Chile e 1 no Uruguai ? mais dez no Brasil) e representa um grande passo rumo a uma futura expansão para o Leste Europeu e a Ásia. É justamente para onde avança a indústria automobilística em busca de custos baixos, mão-de-obra barata e da alta demanda chinesa.

A compra da Sidenor pode ter sido uma das últimas grandes cartadas de Gerdau. Ao anunciar a transação, o empresário também comunicou que deixará a presidência executiva do grupo no final de 2006. ?O processo sucessório está sendo decidido internamente. Não vamos abrir as informações?, disse ele. No comando desde 1983, Gerdau foi o responsável pela expansão da empresa, aumentando seu número de usinas de seis para 28. No mercado, fala-se em dois caminhos: ou o grupo escolhe algum membro da família para assumir o manche, ou indica um executivo de fora do clã e dá um ar ainda mais profissional à gestão. No primeiro caso, os nomes mais cotados seriam o de André Johannpeter, filho de Jorge, Claudio Johannpeter, seu sobrinho (ambos vice-presidentes do comitê executivo) e Frederico Gerdau, irmão e vice-presidente. Se o indicado for um executivo, a escolha recairia sobre o atual diretor financeiro, Osvaldo Schirmer.

Com a aquisição da Sidenor, a Gerdau fica em posição confortável também no Brasil. A espanhola é sócia majoritária da brasileira Aços Villares, com 58% das ações. Assim, a Gerdau passa a ter 23% da Villares e abocanha cerca de 50% do mercado interno de aços especiais. A Sidenor tem 8% das vendas européias do metal. Em 2004, faturou ? 1,1 bilhão e lucrou ? 74 milhões. ?O setor siderúrgico na Europa já está consolidado, com a indiana Mittal dando as cartas. Optar por aços especiais dá à Gerdau a chance de se destacar?, avalia Germano Mendes de Paula, consultor em siderurgia.